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Mário Soares confiante que vai ser Presidente

Candidato apoiado pelo PS acredita que fará o pleno do eleitorado socialista na primeira volta das Presidênciais

Foi com um discurso centrado nas assimetrias entre litoral e interior que Mário Soares se dirigiu a cerca de 700 apoiantes que se reuniram no último sábado, na escola Quinta das Palmeiras, para um almoço com o candidato à Presidência da República apoiado pelo PS.

Apesar de reconhecer que a Covilhã e a região se desenvolveu muito nos últimos anos, o antigo PR considerou ser necessário fazer «ainda mais» para «corrigir as assimetrias» e promover a coesão nacional e social. «Somos o país mais desigual na Europa dos 25. É uma vergonha para Portugal», disse, apelando à solidariedade entre todos os portugueses e as regiões. Por isso, prometeu «zelar pelos direitos de todos» assim que for eleito Presidente da República e, em particular, dos trabalhadores. Uma luta que já vem dos tempos da ditadura, recordou, afirmando não estar com este discurso apenas para «conquistar um certo tipo de eleitorado». Desta vez, Soares não se dirigiu no seu discurso a Cavaco Silva, mas a Manuel Alegre: «Não me colocaria a sufrágio se não tivesse o apoio do partido», referiu, acreditando por isso que irá fazer o «pleno de votos do eleitorado socialista» na primeira volta, pois é o «candidato nacional» apoiado pelo PS. «Vou chegar à segunda volta, vamos vencer e vou ser o presidente de todos os portugueses», garantiu.

O candidato aproveitou ainda o momento para elogiar António Guterres e José Sócrates, ambos da região. Sobre o primeiro, Soares elogiou a «obra notável» que está a desenvolver como Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, enquanto que ao primeiro-ministro elogiou o «esforço, resistência e muita coragem» para inverter as contas do país. «Está a fazer um trabalho extremamente difícil», realçou. Admitindo que não queria ser de novo candidato, Soares justificou a sua anuência ao desafio proposto pelo PS por sentir que «tinha condições para servir, e bem, Portugal neste momento de crise económica e política» que atravessa a Europa. «Tenho experiência. Sei o que tenho a fazer e o que devo fazer», sublinhou, afirmando, no entanto, que a pessoa ideal para o lugar era António Guterres. E descansou os apoiantes quanto aos seus 80 anos. «Sinto-me em boa forma física e intelectual», brincando até com a sua herança genética. «O meu pai morreu com 92 anos, o que me dá alguma tranquilidade de espírito», ironizou.

E defende reabertura da linha entre Pocinho e Barca d’Alva

Mário Soares defendeu, no domingo, em Vila Nova de Foz Côa a reabertura do troço da Linha do Douro entre Pocinho e Barca d’Alva, considerando-a um elemento importante para o desenvolvimento da região. O troço, que liga à fronteira espanhola, está encerrado há cerca de 20 anos. O candidato presidencial apoiado pelo PS evidenciou as potencialidades turísticas desta zona do Alto Douro a que, na sua óptica, «está ligada a circunstância do caminho de ferro até Barca d’Alva». Na véspera, Mário Soares esteve reunido em Figueira de Castelo Rodrigo, onde pernoitou, com uma delegação espanhola que integrava o Procurador do Parlamento Regional de Castela e Leão e um autarca. O candidato frisou que os espanhóis estão «convencidos de que nós podemos fazer aqui um pólo de desenvolvimento extraordinário», convicção que disse assumir também, mas que para isso «é extremamente importante que se faça em conjunto». Ainda sobre esta questão, recordou ter dito na altura que o fecho da linha era uma «asneira colossal», mas que não foi ouvido: «A culpa foi do presidente dos Caminhos-de-ferro de então, que já faleceu e que fez qualquer coisa de desagradável: para ter bons resultados financeiros na sua gestão e para se promover como gestor, fechou esta linha que vai ter que ser reaberta», sustentou. Quanto ao Vale do Côa, lembrou que o processo foi feito «com dificuldades e custos, mas é hoje um Património da Humanidade reconhecido em todos os continentes».

Liliana Correia

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