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Comportamento

Agora Digo Eu

Na carta aberta que dirigi à então candidata a deputada, agora eleita, Maria Antónia Almeida Santos, referi «estamos curiosos para ver o comportamento do PR no período pós-eleitoral. Pelo andar da carruagem não se augura nada de bom». Ao que parece tinha razão.

Ouvi, na passada semana, o habitante do palácio pink. Fiquei perplexo, boquiaberto. Como também ouvi alguns comentadores, analíticos, politólogos, politicologistas e afins que posteriormente resolveram opinar.

O ainda PR, eleito por um quarto da população, ou seja por pouco mais de dois milhões, fez, novamente, jus a si mesmo, assumindo que apenas respeita os cerca de 2 milhões que votaram na coligação de direita, esquecendo ou mesmo desprezando os outros 3 milhões que pretendem outra forma de estar e de agir.

Para o ainda PR a esquerda é o regabofe, o despesismo, a bancarrota, com o inevitável regresso da “troika”, a saída do euro, a contestação à NATO e à União Europeia, o desentendimento e o rasgar de todos os acordos internacionais, faltando apenas dizer que o alimento matinal desta esquerda, que considera inconsciente e inconsistente, é o comer meninos ao pequeno-almoço.

Cavaco, no seu perfeito sentido de Estado, jogou numa eventual cisão e desentendimento no seio do PS e do seu grupo parlamentar, conseguindo com a sua “brilhante” intervenção unir a totalidade dos deputados rosa. Para tanto basta olhar para os resultados da comissão política do PS e na eleição da segunda figura do Estado e nem o argumentário político à direita do legado parlamentar dá razão ao frágil e convincente esclarecimento, verdadeiro tranquilizador das hostes do CDS e PSD “Sem as nossas tradições a nossa vida seria instável, tal qual um violino no telhado” (realmente a tradição já não é o que era).

As coisas mudaram. Aliás, o mundo, nas suas guerras, permite, e ainda bem, continuar a necessária mutação. Diz o poeta que pula e avança. A velha fronteira ficou para trás e nem os cínicos deste país poderão contestar a constituição de um novo movimento que decidirá estabelecer outras e novas fronteiras, batendo-se pelo choque tecnológico, impulso reformista, numa onda de maioria, sustentada por uma renovada esquerda, qual Fénix que tem hipótese de renascer virando a página, apostando na esperança, deitando para trás das costas a política daqueles que apenas geraram desalento, desconfiança e tristeza, consubstanciada nos 2 milhões de pobres, no desemprego, no corte, na contestação ao Estado Social e a todas as conquistas de Abril.

Cavaco sabe tudo isto porque é o político com a maior taxa de permanência em funções no Portugal do 25 de Abril. Foi ele, enquanto primeiro-ministro, que mais aumentou a dívida pública. Houve até alguém que o alcunhou de “pai do monstro” e, já como PR, foi aquilo que bem sabemos e identificamos. Não é necessário relembrar os inúmeros episódios onde foi protagonista. Todos, mesmo todos, pela negativa.

A vitória da coligação (inquestionável), no virar da página, não se compadece com a nova lógica política e aritmética. Argumentem como argumentarem, deem as voltas que derem, jamais 107 deputados conseguirão impor o bolorento desgoverno que nunca será sustentado pelos restantes 122. Certo?

Se algum ranço moralista e resquício de inteligência ainda restam ao homem de Boliqueime, termine o mandato com alguma dignidade, dignidade que praticamente nunca teve, pois se assim não for, o poder terá de ser defendido na rua e, logo após o desfecho anunciado de Passos e Cª, o que se pede ao ainda é que se deixe de invenções (sei perfeitamente que tudo isto lhe custa), respeite a Constituição e as Leis e dê posse a um governo que tenha orçamento, programa, dinamismo na ação, respeitando Portugal e os portugueses.

É assim que deve, tem e vai ser.

Por: Albino Bárbara

Comentários dos nossos leitores
anónimo anonimo@hotmail.com
Comentário:
Homem valente o nosso Albino! É assim que deve ser e vai ser…. Boa….
 

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