Os subscritores do papel comercial de empresas relacionadas com a Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que foi vendido aos balcões do Banco Português de Negócios (BPN), entretanto nacionalizado, vão ser reembolsados até ao final do primeiro trimestre, segundo o Governo.
«Os clientes com papel comercial [do universo da SLN], até ao final do trimestre, receberão as suas aplicações», revelou na terça-feira o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Carlos Costa Pina, em entrevista à SIC Notícias, na qual especificou que o pagamento é possível graças a um conjunto de bancos que se reuniram e, uma vez que as empresas em causa têm activos que podem ser dados como garantias a um empréstimo, vão avançar com o financiamento necessário. Os clientes tinham agendado para ontem uma manifestação em Lisboa, que devia passar por oito agências do BPN, pela Assembleia da República e terminar junto ao Palácio de Belém. Em Novembro, cerca de três dezenas de clientes do BPN tentaram levantar as suas poupanças e aplicações financeiras na dependência de Seia, mas sem sucesso. A manifestação tinha sido convocada pela Associação Nacional Defesa Direitos Clientes do Banco Português de Negócios (ANDDCBPN) e juntou pessoas de Seia, Sabugal, Guarda e também do distrito de Viseu. Esta entidade tem vindo a aconselhar os lesados a apresentar queixas e a fazer valer os seus direitos junto da Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM). António Henriques, presidente da associação criada há cerca de três meses, classifica de «burla» o que se passou no BPN. «As pessoas foram enganadas ao serem assediadas para transferir as suas poupanças para papel comercial da SLN Valores com a promessa de boa rentabilidade. Como não lhes falaram dos riscos associados, hoje, esse dinheiro voou, desapareceu literalmente», acusa.
No distrito da Guarda haverá mais de uma centena de prejudicados e «alguns milhões em causa», mas, segundo a ANDDCBPN, em termos nacionais, serão mais 200 milhões de euros perdidos. Entretanto, o Governo decidiu reprivatizar a totalidade do capital social do BPN, uma decisão que já foi promulgada por Cavaco Silva.