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Cidades Romanas

Nos Cantos do Património

Quando abordamos o tema cidades romanas, um dos exemplos, em território nacional, que nos ocorre quase de imediato, é Conimbriga. Quer pelo trabalho de investigação de longa data e pela divulgação, quer pelo facto de ter sido abandonada, ficando as estruturas de período romano quase intactas, é hoje um ponto de referência na Arqueologia Clássica.

A cidade romana teria uma função de organização de um território, com uma distinta preocupação urbanística, dando uma imagem de ordem, perfeição, o “espelho” do Império Romano.

Dela faziam parte espaços e edifícios com funções específicas na sociedade, como o forum, local de confluência do poder civil, religioso (marcado pela presença de um templo) e económico (existência de espaços comerciais). Um dos melhores exemplos conhecidos é o forum de Conimbriga.

As termas, existentes em todas as cidades, seriam espaços amplos, com decoração, demonstrando a importância do ritual dos banhos na cultura romana.

Na malha urbanística das cidades evidenciam-se também os locais de divertimento e de espectáculo, como os anfiteatros, os teatros e os hipódromos.

O restante espaço era marcado por grandes residências senhoriais e por bairros, onde residia a população com menos recursos económicos.

Todavia, como seriam as cidades romanas da Beira Interior? Sendo uma área, à priori, afastada dos grandes centros urbanos e das grandes rotas do comércio, teriam as cidades desta área a importância e as estruturas arquitectónicas das cidades romanas?

Tal como nas cidades romanas não existia um modelo único de urbe. Neste sentido, também nesta área deveriam existir diferentes situações, quer povoados fortificados da Idade do Ferro romanizados e transformados em grandes centros populacionais, quer com a fundação de novos centros urbanos.

Se tivermos em consideração o surgimento de um templo romano na Civitas Aravorum (Marialva) é possível que também nesta área novas cidades tenham sido fundadas, adaptando o território aos seus critérios de implantação e economia, construindo todos os edifícios necessários.

Certamente, com os dados que possuímos actualmente, teremos de rever a hipótese do isolamento desta área face ao processo de romanização. Cada vez mais têm surgido exemplares de materiais que chegaram através das grandes rotas peninsulares: terra sigillata hispânica, ânforas da Bética, elementos denunciadores de uma sociedade imbuída nas tradições e cultura romanas.

Por: Vítor Pereira

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