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Chamas incontroláveis na Serra da Estrela

Cinco bombeiros ficaram feridos, uma fábrica, duas viaturas e uma habitação foram consumidas por um fogo que não dá tréguas

Até ao fecho desta edição (terça-feira), as chamas continuavam a consumir com alguma intensidade o Parque Natural da Serra da Estrela, mais concretamente a zona de Alfátma/Cabeça do Velho, em Gouveia. O incêndio deflagrou no domingo em Eirô, no vizinho concelho de Seia, e progrediu em duas frentes para aquela zona. Há mais de 48 horas que cerca de 117 bombeiros, de 12 corporações, com 58 viaturas, apoiados por dois helicópteros ligeiros, um pesado e um avião, combatem as chamas. Este era um dos incêndios que mais meios mobilizou em Portugal nos últimos dias, disse fonte do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).

Ao longo destes dias, as chamas já consumiram centenas de hectares de mato, culturas, floresta e zona de paisagem protegida. Mas não só. Na segunda-feira, uma fábrica de blocos para construção, duas viaturas e uma habitação foram consumidas pelo fogo em Santa Marinha. O fumo provocou ainda a intoxicação de um bombeiro e queimaduras com alguma gravidade noutros quatro. Os ventos fortes que se fizeram sentir na zona contribuíram para a rápida propagação das chamas, que se desenvolveram em duas frentes, ainda não controladas à hora do fecho desta edição. O fogo não tem dado tréguas aos “soldados da paz”, que lutam num autêntico inferno. Segundo fonte dos bombeiros de Gouveia, a zona de Alfátma/Cabeça do Velho tem falta de pontos de água e de acessos, é íngreme, com com grande densidade de mato, alguma floresta e pasto seco, ou seja, condições que contribuem para a fácil propagação das labaredas. Na terça-feira já não havia zonas residenciais em perigo, contudo, elementos dos voluntários de Seia e Gouveia afirmaram à agência Lusa que foram destruídas várias culturas, nomeadamente hortas, olivais, pomares e vinhas. Por sua vez, o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) da Guarda informou que o incêndio estava por circunscrever na zona da Fonte do Vidoeiro, no Parque Natural da Serra da Estrela, onde as chamas chegaram a ameaçar na tarde de segunda-feira a fábrica de águas Serra da Estrela, que teve que ser encerrada temporariamente. A proximidade do fogo gerou momentos de pânico e motivou o corte da estrada que liga Gouveia a Manteigas.

Por sua vez, outra frente de fogo começou a desenvolver-se nas imediações de Eirô (Seia) resultante de um reacendimento. Na manhã de terça-feira, não existiam zonas habitadas ou equipamentos em perigo, assegurou o CDOS. Segundo os bombeiros, o vento que se fez sentir naquela zona da Serra da Estrela provocou vários reacendimentos, tendo sido deslocados dois pelotões militares de Viseu e Vila Real para operações de rescaldo e vigilância na área afectada. Recorde-se que o incêndio começou no domingo, perto das 20 horas, em Santa Marinha (Eiró) e destruiu uma fábrica de blocos para construção civil, uma habitação e uma viatura. Para além de ter provocado igualmente queimaduras em quatro bombeiros e a intoxicação de um quinto. Dos cinco feridos dois foram transportados à unidade de queimados do Hospital da Universidade de Coimbra, mas já tiveram alta. Os restantes com ferimentos ligeiros receberam assistência no Centro de Saúde de Gouveia e Hospital de Seia. Os feridos pertencem às corporações de Seia, Gonçalo e Gouveia. As chamas incontroláveis têm consumido uma área extensa mas ainda não determinada de mato, pinhal, pasto, floresta variada, olivais, vinhas, hortas, árvores de fruto, entre outras culturas. O vento que se fez sentir, bem como o terreno acidentado, a falta de acessos e a densidade da vegetação dificultaram as operações de combate ao fogo. O coordenador do CDOS da Guarda, António Fonseca, referiu que o incêndio registou vários reacendimentos, cujas causas poderão ter estado na humidade atmosférica «extremamente baixa» e nas «muito complicadas condições de trabalho dos bombeiros naquela encosta da Serra da Estrela».

Patrícia Correia

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