A chama, que assinala os 100 anos de escutismo no mundo, partiu do Quénia a 22 de Fevereiro, sobre o túmulo de Baden-Powell, fundador do movimento, e passou pela Covilhã, na última segunda-feira, reunindo largas dezenas de escuteiros, dos mais jovens aos retirados. Um momento tornado possível porque o Corpo Nacional de Escutas (CNE) e a Fraternidade de Nuno Álvares (FNA) trabalharam em conjunto para trazer a Portugal a “Chama do Centenário”.
A Covilhã foi escolhida precisamente por conter duas marcas da chama. Por um lado, é da cidade o Agrupamento 20 do CNE, o primeiro da Diocese da Guarda. Depois, porque é também ali que existe a única delegação diocesana da FNA. Depois de ter chegado a Braga, a 26 de Julho, o símbolo passou pelo Porto, Lisboa e Leiria, até chegar à Diocese da Guarda e rumar ao Acampamento Nacional do Centenário, em Idanha-a-Nova. No mesmo dia, a tocha acesa no Quénia foi recebida na ilha de Brownsea, no Reino Unido, onde se realiza o 21º Jamboree Mundial. A iniciativa assinala o início de um novo século escutista no mundo e é uma representação permanente da essência do movimento. Uma missão que se mantém fiel às palavras de Baden-Powell, como explica o chefe regional dos escuteiros da Diocese guardense. Para António Bento Duarte, «o escuteiro deve sempre deixar um pouco melhor aquilo que encontra». Por isso reforça a importância do CNE na sociedade, «ao incutir nos jovens três dimensões fundamentais: humana, social e cristã». O objectivo é atingir «a formação integral do jovem», mesmo que os métodos de hoje sejam diferentes dos usados nas origens do movimento.
«Uma vida sadia» é como Armindo Fazendeiro de Oliveira caracteriza a actividade escutista. Com 94 anos – 81 dos quais como escuteiro –, este covilhanense valoriza o CNE na formação de pessoas boas. Para Vítor Faria, presidente da FNA, «a “Chama do Centenário” é o espírito de Baden-Powell, a chama do mundo, em que todos nos revemos». Portugal conta hoje com cerca de 40 mil escuteiros, o que, para o dirigente, é um sinal da actualidade da mensagem escutista, presente no contacto com a natureza e na educação pela acção. Ainda assim, Vítor Faria detecta novos desafios que se colocam aos chefes: «Enquanto que no passado ajudávamos os jovens a passar os tempos livres, hoje temos de os ajudar a encontrar tempos livres, pois estão absorvidos pelas tecnologias», lamenta. Mas o papel do escuteiro mantém-se: «É o papel de sempre. É crescer para a vida. Ser homem e mulher de carácter, feliz, dar-se aos outros, na boa acção de cada dia».