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Primeiros médicos formados na UBI querem ficar na região

Finalistas de Medicina sentem-se bem preparados para enfrentar o mercado de trabalho e elogiam método inovador do ensino na instituição

Ambos são oriundos do Norte do país, mas admitem vir a exercer medicina num hospital da Beira Interior, onde garantem ter aprendido muito e terem sido bem recebidos. Filipa Azevedo e Luís Monteiro são dois dos primeiros 58 licenciados da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI) e estão receptivos a ficar num hospital da região, de preferência na Guarda. Após seis anos de intenso estudo e de muita experiência prática, os finalistas asseguram estar bem preparados para enfrentar o mercado de trabalho.

Os dois jovens, que já se preparam para o exame da especialidade, a realizar em Dezembro, admitem que sentem uma «responsabilidade acrescida» por serem dos primeiros alunos formados em Medicina na UBI. A finalista, nascida na Trofa há 24 anos, considera que «existe sempre a responsabilidade de sermos os primeiros, porque temos os olhos voltados para nós», elogiando o «método inovador» de ensino praticado na Faculdade de Ciências da Saúde da Covilhã, onde se dá «muita importância à vertente prática». De resto, «o facto de sermos os primeiros alunos fez com que os professores tivessem cuidados muito especiais», acrescenta, reforçando que «como ainda éramos poucos, por vezes, cada aluno tinha um médico com todos os seus doentes». Filipa Azevedo sente-se «bem preparada» para o futuro, embora sublinhe que qualquer aluno que saia de Medicina

ainda tem «muito para aprender». Passados seis anos desde que chegou à Covilhã, a jovem assegura que nunca se arrependeu de ter ingressado na UBI, realçando que o facto dos alunos contactarem com os hospitais «logo a partir do primeiro ano» a cativou muito. Nesse sentido, garante que não voltaria a colocar o curso de Medicina da UBI na quinta opção se tivesse que se candidatar agora ao ensino superior. «Foi assim por causa da questão da proximidade a casa», justifica-se.

«Se fosse hoje, teria colocado bem antes», sublinha, assumindo a mesma certeza quando fala em exercer medicina na Beira Interior, até porque foi «muito bem recebida, as pessoas são bastante atenciosas e os médicos têm muita paciência connosco», completa. Questionada se tem preferência por algum dos três hospitais da Beira Interior – Covilhã, Guarda e Castelo Branco -, a jovem, que se sente mais atraída pelas áreas cirúrgicas, explica que trabalhou nos três e que gostou de todos, mas confessa nutrir alguma «simpatia-extra» pelo Sousa Martins, por ter amigos na cidade, ficar mais perto da Trofa e também por lá ter feito o seu sexto e último ano do curso.

Se o tempo voltasse para trás, UBI seria primeira opção na candidatura

Igualmente inclinado para a cidade mais alta está Luís Monteiro, de 25 anos, que também admite vir a exercer na Beira Interior: «A Guarda tem um lugar especial na minha formação. Fiz lá o meu sexto ano todo e há muito boa vontade, tanto por parte dos médicos, como dos doentes», sustenta. Residente em Vila Nova de Gaia, o jovem, que está indeciso entre Pediatria e Medicina Interna, está confiante de que vai conseguir «superar a prova» que constitui o início da actividade de médico. O método inovador «com mais contacto com os médicos e doentes» é um dos maiores “trunfos” do curso de Medicina da UBI, daí nunca se ter arrependido de ter vindo para a Beira Interior, apesar de também ter sido a sua quinta opção. Mas só porque já tinha estado dois anos em Medicina Dentária na Universidade do Porto e tentou tirar partido das equivalências que poderia obter. Contudo, caso o tempo voltasse para trás, seria a «primeira escolha», não duvida.

O passo seguinte no plano de estudos é a realização do Exame de Acesso à Especialidade a realizar em Dezembro, que consiste em responder a 100 perguntas durante duas horas. É um exame «muito decisivo», realça Luís Monteiro, adiantando que a nota desta prova determina em que hospital e especialidade cada licenciado realizará o internato, que dura entre três a seis anos. Antes, cada finalista ainda vai passar pelo “ano comum” em que realiza diferentes valências, para depois entrar na área de especialização. De realçar que, num inquérito realizado a dois terços dos finalistas, só um aluno referiu que não tinha nenhuma intenção de ficar pela região.

Ricardo Cordeiro

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