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Centro histórico sem carros

Novo Regulamento Geral de Trânsito da Guarda estipula o fecho gradual de acessos e ruas ao trânsito

Os carros têm os dias contados no centro histórico da Guarda. O novo Regulamento Geral de Trânsito da cidade, que deverá ser aprovado na próxima Assembleia Municipal, em Junho, estabelece que só os residentes com garagens ou espaços próprios poderão entrar na zona antiga. A restante circulação viária ficará severamente condicionada. «Os automóveis vão ter que sair do centro histórico», avisa António Saraiva, director-executivo do PolisGuarda, que tem em marcha, juntamente com a autarquia, o fecho gradual de acessos e ruas ao trânsito.

A implementação destas alterações começou simbolicamente na última segunda-feira com a instalação de manilhas na Praça Velha para ali evitar o estacionamento «caótico e abusivo», refere. Trata-se de uma solução provisória até que seja colocado um tubo metálico ao longo do acesso ascendente entre o final da Rua 31 de Janeiro e a escadaria da Sé. «É um elemento dissuasor da entrada de automóveis na praça e que vai definir o corredor de tráfego disponível até à Escola de Sta. Clara», adianta António Saraiva, acrescentando que também a circulação na Rua Francisco de Passos vai ficar «estritamente» reduzida a cargas e descargas. «É o primeiro passo para retirar do centro histórico a circulação automóvel e o estacionamento, que passará a fazer-se na sua periferia ou nalgumas zonas devidamente identificadas», indica. Isto é, o Largo do Torreão, a rua homónima, o Largo das Freiras, a Rua Dr. Amândio Paul ou o próprio parque de estacionamento da Associação Comercial, na Rua dos Cavaleiros. «A medida é essencial porque o estacionamento é caótico e põe em causa a segurança de pessoas e bens na zona antiga, dificultando mesmo o acesso dos bombeiros em casos de emergência», diz. Previsto está igualmente o recurso a pilares retractáveis na Rua do Comércio.

Quanto à requalificação da Praça Velha, António Saraiva admite que está quase concluída, faltando apenas substituir os candeeiros, instalar papeleiras, terminar a escadaria entre o largo e o adro da Sé e arborizar os taludes junto à escola de Sta. Clara. «Tudo estará pronto no início do Verão», aponta, reconhecendo que as obras poderiam ter tido outro andamento nos últimos meses «se tivesse havido dinheiro». Por esta altura, o director-executivo já não fala em festa de inauguração, mas em «várias iniciativas para chamar a atenção para o “coração” novo da Guarda e fazer regressar os guardenses àquele espaço nobre da cidade». Ainda no âmbito desta empreitada, a Câmara chamou a si o processo de instalação de um sistema de televigilância para evitar o vandalismo de que tem sido alvo o mobiliário urbano, que já terá causado prejuízos da ordem dos 30 mil euros. «Tínhamos tudo pronto para abrir um concurso público, mas como entrámos em fase de liquidação não pudemos avançar», revela, lamentando que «o civismo de alguns transeuntes seja pouco a determinadas horas da noite». Outra tarefa da autarquia, através da futura Sociedade de Reabilitação Urbana, vai ser a sensibilização dos proprietários para a recuperação dos imóveis degradados.

«Temos assistido a várias melhorias nas fachadas na Rua do Comércio e da Praça Velha. Pena é que outros não tenham tido esse cuidado, como é o caso do reclame luminoso de uma loja de telemóveis. Já contestámos a solução usada porque vai contra todos os princípios e apelos que temos feito junto dos comerciantes», indica.

Luis Martins

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