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«Centro de Emprego tem um pedido de recrutamento de 50 novos trabalhadores para a Delphi»

Cara a Cara – Entrevista

P- Foi técnico no IEFP. Agora na função de director, como encontrou o Centro de Emprego?

R – Não é uma realidade nova para mim, porque fui técnico 18 anos e passei pelas três unidades orgânicas existentes no distrito – Seia, Guarda e Pinhel. No entanto, ao assumir as funções de director, apareceram naturalmente realidades de que não estava à espera. Têm surgido coisas nestes dias que eu não pensava encontrar assim. Para já, tenho de procurar os mecanismos mais adequados para resolver da melhor maneira cada situação. É para isso que um dirigente serve.

P- Que radiografia faz do trabalho e emprego no distrito?

R- Neste momento, e no âmbito dos seis concelhos abrangidos pelo Centro de Emprego (Sabugal, Manteigas, Guarda, Celorico da Beira, Fornos de Algodres e Aguiar da Beira), temos, em termos de desemprego registado, cerca de 2.500 pessoas inscritas, mas o desemprego é sempre flutuante. Na nossa área de intervenção, os números têm vindo a diminuir desde o início deste ano. A maioria dos desempregados são candidatos ao novo emprego. E há um factor preocupante, tem vindo a aumentar nos últimos tempos o número de desempregados com formação superior. Inversamente, o número de desempregados com formação inferior à quarta classe tem vindo a diminuir.

P – Os últimos tempos têm sido particularmente difíceis para as unidades fabris da região…

R – Há alguns anos que o sector da indústria têxtil, que tinha uma forte implantação na região, tem vindo a passar por situações de ruptura cíclicas. No entanto, há empresas nesta zona que são excepção e que têm grande pujança. Acredito que o problema se prende com uma certa globalização e nós não estávamos preparados para acompanhar determinadas mudanças no mercado. No entanto, é fundamental percebermos que, para além destes problemas, há unidades económicas em expansão. Temos uma certa tendência para nos auto-flagelarmos e não evidenciarmos aquilo que temos de bom. Na região, o sector da metalomecânica é muito forte e temos empresas com alta qualidade na Guarda. Há, por isso, que as dignificar. Porém, isto não significa que fechemos os olhos aos problemas. O Estado tem de tentar dar respostas eficazes através dos mecanismos que tem à sua disposição.

P – Nas últimas semanas tem-se falado da Delphi. Como vê a situação desta multinacional na Guarda?

R – Naturalmente que qualquer pessoa da Guarda tem de estar preocupada. A Delphi é uma empresa vital para a cidade e para a região, mas há que ter em conta que a preocupação central, segundo o que tem vindo na comunicação social, não é tanto ao nível da Guarda, mas da sede nos EUA. Espero que essa conjuntura não afecte as empresas do grupo em Portugal, muito menos a da Guarda. Se isso acontecer, estaremos na presença de uma situação complicada do ponto de vista social e económico. O importante é que saibamos passar a mensagem de que a empresa da Guarda tem qualidade e é fundamental para continuarmos a desenvolver o nosso tecido económico. No entanto, devo dizer que na semana passada recebemos neste Centro de Emprego um pedido de recrutamento de 50 novos trabalhadores para a Delphi. Parece que há aqui um paradoxo. Este recrutamento demonstra claramente que a Delphi precisa de pessoas e não está no limiar de encerramento.

P – Como encara a possibilidade de se criar um centro incubador de empresas na Guarda?

R – Não sei se uma estrutura com essa denominação será necessária. O mais importante é a definição de zonas prioritárias de intervenção empresarial. No caso do concelho da Guarda temos uma estrutura empresarial entre o Porto da Carne e Sobral da Serra e outra na zona do Outeiro de São Miguel, que a autarquia deveria definir, o que permitiria à iniciativa privada ganhar um novo fôlego. Já existe o parque industrial e a PLIE vem a caminho, mas é fundamental consagrar aquelas duas zonas.

P – Que sectores poderão ser desenvolvidos na Guarda?

R – Acredito que se deverá apostar na metalomecânica e no turismo ligado à Serra da Estrela, às Aldeias Históricas e aos vales do Douro e Côa. Temos de investir fortemente nos hotéis e na restauração. E há ainda o sector da logística. Acredito que estas actividades vão permitir o crescimento sustentado, o que, numa fase posterior, facilitará o surgimento de novas actividades.

P – Que ideias e objectivos pretende implantar no seu mandato?

R – Há um objectivo interno, que se prende com a execução orçamental, que deverá atingir sempre números acima dos 90 por cento. É evidente que cada dirigente tem a sua forma de dirigir e eu, concretamente, pretendo melhorar o funcionamento interno de modo a melhorar também a imagem e resposta para o exterior. Isto, para que os nossos utentes tenham uma resposta mais ágil, rápida, eficaz e de qualidade.

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