«Algo tem que ser feito para que se alterem as condições de vida dos casais para que possam ter mais filhos». O alerta foi dado pelo Presidente da República no último sábado, em Gouveia, na inauguração do Museu da Miniatura Automóvel, um espaço que, no seu entender, vai “fazer as delícias” de miúdos e graúdos. Cavaco Silva salientou também a importância que o «turismo de qualidade» pode assumir no desenvolvimento da região.
O Chefe de Estado considera «uma responsabilidade de todos» inverter a tendência de poucos nascimentos em Portugal, salientando que «algo está errado num povo que não cuida da sua continuidade», já que «um país sem crianças não tem futuro». Trata-se de uma «responsabilidade daqueles que têm que desenvolver políticas de natalidade, como o Governo e a Assembleia da República, mas também dos portugueses». Para Cavaco, o problema da «falta de gente» resulta da «escassez de iniciativa empresarial» registada no distrito da Guarda, daí que vaticine que «enquanto não surgirem empresas e investimentos no interior do país, será muito difícil reter os jovens e criar empregos». O Presidente da República focou esta realidade na inauguração de uma «casa que vai fazer a alegria das crianças, mas também de muitos adultos», confessando que na sua infância também foi coleccionando «carrinhos», uma palavra que não voltará a usar, pois o termo correcto é «miniatura automóvel», gracejou. O reparo foi feito por Fernando Taborda, que cedeu a sua colecção particular para um museu que pode atrair muitos visitantes à «”princesa da serra”», como Cavaco fez questão de voltar a apelidar a cidade por onde passou no «dia seguinte» ao do seu casamento.
«A cultura pode trazer até Gouveia e à Serra da Estrela muitos visitantes que podem contribuir para o fortalecimento de actividades empresariais e, consequentemente, para a retenção dos jovens no concelho», reforçou. De resto, o espaço onde estão expostas cerca de três mil miniaturas automóveis, e que na sua inauguração contou com a presença dos pilotos Elisabete Jacinto, Manuel Gião e Pedro Matos Chaves, já parece ser pequeno para as “encomendas”. É que, segundo o presidente da Câmara de Gouveia, esta é uma obra «já pequena face às solicitações para cedências de miniaturas». Para Álvaro Amaro, o único museu do género no país constitui um «pólo de atracção para Gouveia e para a Serra», adiantando que a autarquia já está «a pensar num espaço maior». O edil defendeu ainda que «tem que haver uma cruzada a favor do interior», recordando que, entre 1981 e 2001, o concelho perdeu cerca de três mil pessoas e o distrito 26 mil.
Ricardo Cordeiro
