O cardo, planta usada no fabrico do queijo da serra, tem potenciais propriedades anti-tumorais que poderão prevenir e tratar dois tipos de cancro, da mama e fígado, pouco frequentes mas fatais, defendem cientistas.
Este é um dos resultados de uma linha de investigação sobre o potencial anti-tumoral dos extratos do cardo seguida por cientistas do Centro de Biotecnologia Agrícola e Agroalimentar do Baixo Alentejo e Litoral (CEBAL), situado em Beja. A equipa, liderada por Fátima Duarte, estuda desde 2008 o potencial do cardo para prevenir e tratar doenças, nomeadamente aqueles dois tipos de cancro. Estudos e a medicina popular, através do uso do cardo em mezinhas, como infusões para tratar problemas digestivos, indicavam que a planta «poderia ter compostos muito interessantes» a nível fitoterapêutico (uso de compostos naturais para prevenir e tratar doenças), explicou à Lusa Fátima Duarte. Os cientistas dividiram o cardo em partes para obter extratos naturais de cada uma e têm percebido que o extrato da folha «parece ser o mais ativo ou o que tem mais potencialidade fitoterapêutica».
«Neste momento não posso dizer que o extrato da folha consegue ser um tratamento eficaz», mas, através de ensaios “in vitro”, com recurso a um modelo de um tipo de cancro da mama, o fenótipo triplo-negativo, o trabalho tem mostrado que «conseguimos bloquear o crescimento das células tumorais» quando são incubadas com o extrato da folha do cardo, disse.