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Menos que Zero

Terminou o processo de constituição das listas de candidatos à Assembleia da República. No caso do distrito de Castelo Branco, onde apenas PSD e PS elegem deputados, repete-se a estratégia das eleições anteriores: a lista do PS é encabeçada por um político da região, a do PSD não.

A Comissão Política Distrital do PSD, com o apoio da concelhia covilhanense, começou por exigir um cabeça de lista originário do distrito. O objectivo era evitar os maus resultados das últimas eleições, quando o distrito foi obrigado a engolir a pára-quedista Maria Elisa. O PSD nacional fez ouvidos de mercador e mandou Morais Sarmento para uma marcação cerrada ao líder do PS. Parece-me um erro estratégico, pois Sócrates andará em digressão pelo país e não perderá demasiado tempo no distrito onde é cabeça de lista. O PSD perde assim um candidato experiente que poderia ser uma mais-valia noutro distrito com mais peso eleitoral.

Com o primeiro lugar ocupado, restava à distrital do PSD indicar o segundo da lista. E as hipóteses eram duas: Manuel Frexes ou Carlos Pinto.

Manuel Frexes avisou logo que não estava disponível para o lugar. O mandato na Câmara do Fundão tem sido muito positivo, ocupa um lugar de destaque na Associação Nacional de Municípios, sabe que o PSD vai ser derrotado e, portanto, prefere atravessar o futuro período de governação socialista no aconchego da Câmara do Fundão.

Restava a hipótese Carlos Pinto, a outra prestigiada figura do PSD local. Neste caso a situação é diametralmente oposta à de Frexes: a capacidade financeira da Câmara da Covilhã está esgotada e Carlos Pinto não tem nenhum outro cargo de relevância. Por isso, a Assembleia da República pode ser uma boa opção de futuro. Se for eleito, o autarca covilhanense pode suspender o mandato até às Autárquicas – em Setembro Outubro – e segue depois para S. Bento. É uma forma airosa de não se candidatar a um novo mandato, deixando a ideia de que é mais necessário como deputado.

Na edição anterior deste jornal, Luís Baptista-Martins dizia que o envolvimento de Carlos Pinto na campanha eleitoral provocará uma subida eleitoral do PSD e, quem sabe, até uma vitória social-democrata no distrito. Sinceramente, não acredito que o PSD ganhe. A manutenção da gratuitidade na A23, a Faculdade de Medicina, o Programa Polis e a renovação da Linha da Beira Baixa jogam a favor de Sócrates.

Mas poderá acontecer uma surpresa. Basta para isso que se conjuguem três factores:

– Carlos Pinto conseguir segurar o eleitorado tradicional do PSD

– Os portadores do cartão do idoso votarem PSD, agradecendo ao presidente as excursões, jantares e check-ups médicos gratuitos.

– As pessoas que gostariam de ver Carlos Pinto fora da Câmara votarem PSD na esperança de que ele vá mesmo para a Assembleia da República.

A ser assim, não sei se o PSD conseguirá ganhar o distrito, mas suponho que na cidade da Covilhã conseguirá uma percentagem a rondar os 80 por cento.

Por: João Canavilhas

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