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Câmara recorda ministro que espólio de Eduardo Lourenço está na Guarda

Pensador já doou mais de três mil livros e está disponível para ceder mais obras à nova biblioteca

«Talvez o senhor ministro da Cultura não saiba da doação de mais de três mil livros que Eduardo Lourenço fez à futura biblioteca da Guarda, que terá o seu nome, ou então estaria a referir-se apenas aos manuscritos, que não estão incluídos nesta cedência», esclareceu, na semana passada, Virgílio Bento.

Após a última reunião de Câmara, o vice-presidente da autarquia e vereador com o pelouro da Cultura, reagiu ao pedido de Pinto Ribeiro para que o ensaísta e filósofo permita a recolha da sua obra para ser depositada na Biblioteca Nacional (BN). «Neste momento já temos à nossa responsabilidade cerca de três mil livros da sua biblioteca particular, são livros autografados, com notas escritas por Eduardo Lourenço e muitos textos que vinham dentro dessas obras», adiantou, acrescentando que a inauguração da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL) está marcada para 27 de Novembro, Dia da Cidade. «Pinto Ribeiro está convidado e nessa altura poderá esclarecer o que pretende», afirmou. Virgílio Bento disse ainda que só o pensador poderá definir o destino a dar aos seus manuscritos, alguns dos quais serão para publicar: «Não sabemos se quer seguir o exemplo do seu amigo Vergílio Ferreira, cujos manuscritos ficaram na BN e o resto veio para a biblioteca municipal de Gouveia [a sua terra natal], ou ser vai ceder todo o espólio à BMEL. Cabe-lhe única e exclusivamente a ele decidir», declarou.

Contudo, o vereador revelou que o ensaísta – natural de São Pedro de Rio Seco (Almeida), mas que estudou na Guarda juntamente com Vergílio Ferreira – já manifestou disponibilidade para ceder mais obras à cidade. «O que queremos é que a nova biblioteca sirva como centro de investigação do seu pensamento», referiu, anunciando que, no dia 27 de Novembro, vai ser publicada a lista das obras oferecidas «para que os interessados saibam o que temos». Segundo o autarca, o espaço dedicado ao acervo de Eduardo Lourenço revela «as influências que sofreu, como Kirkegaard e Fernando Pessoa, o seu poeta de estimação, havendo ainda um núcleo de grandes filósofos existencialistas». A futura BMEL, situada na Quinta do Alarcão, terá mais de 100 mil livros, grande parte dos quais transita da antiga biblioteca ou foram adquiridos recentemente.

Luis Martins

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