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Câmara reclama manutenção da EDP em Seia

Eduardo Brito pede intervenção do Governo contra possível encerramento de serviços

«Não podemos admitir que Lisboa nos leve os nossos recursos». O aviso é do presidente da Câmara de Seia, que já manifestou à tutela e à presidência da EDP a indignação do município pelo «esvaziamento de serviços» que tem vindo a ocorrer na distribuidora eléctrica na cidade após a extinção da Hidrocenel, que pôs fim a uma ligação com mais de cem anos. A empresa foi recentemente fundida na Companhia Portuguesa de Produção de Electricidade (CPPE), no âmbito da nova organização da EDP-Produção, sub-holding do grupo eléctrico português, por causa do Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL).

Eduardo Brito disse na última reunião do executivo camarário, realizada na semana passada, estar agora em causa o possível encerramento de parte dos serviços instalados no edifício do Largo Marques da Silva. Uma situação contra a qual se insurgiu por considerar que o grupo eléctrico está há dois anos a «destruir progressivamente» o funcionamento da EDP em Seia. Numa carta enviada ao ministro das Actividades Económicas, Álvaro Barreto, e ao presidente da Electricidade de Portugal, João Talone, o edil senense considera que as «raízes profundas» da EDP no concelho, aliadas a recursos naturais como a água, levariam a pensar que o momento «é de consolidação da empresa e não de desactivação». Nesse sentido, Eduardo Brito exige o fim da «lógica desenfreada» de centralismo do grupo para que o concelho possa «voltar a ver na EDP um instrumento de desenvolvimento e afirmação do concelho». O Governo, actualmente em posição minoritária na empresa, é também chamado a intervir através do veto deste tipo de opções, «porque em teoria nos promete mais descentralização, mais combate à interioridade e desertificação, mas na prática leva tudo para Lisboa».

Vocacionada para a produção de energia, água e gás, a Hidrocenel foi criada em 1994, por ocasião da subdivisão da EDP, e empregava 66 trabalhadores. A empresa contava com 14 instalações de produção hidroeléctrica na região Centro, com particular incidência nos cursos dos rios Alva, Côa e Mondego, com uma potência instalada de 105,7 megawatts e uma produtividade média de 208,8 gigawatts. No concelho de Seia detinha as unidades de produção de Ponte de Jugais (iniciou a produção em 1923), Vila Cova (1937), Sabugueiro (1947), Senhora do Desterro (1959) e Sabugueiro II (1993), todas no curso do rio Alva. Já no Alto Côa, produz energia eléctrica em Almeida (1906), Drizes (1917), Pisões (1927), Pateiro (1938), Santa Luzia e Ermida (1943), Ribafeita e Figueiral (1955) e Rei de Moinhos (1993).

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