«Outras Câmaras e o próprio Estado poderiam adotar o modelo de gestão seguido em Aguiar da Beira, onde só se gasta consoante as disponibilidades», recomenda Fernando Andrade, cuja autarquia apenas demora quatro dias a pagar a fornecedores segundo a Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL).
O relatório sobre os prazos médios de pagamento das Câmaras Municipais a fornecedores em 2012 foi divulgado no início da semana e Aguiar da Beira surge em primeiro lugar no distrito da Guarda por ser a mais rápida a liquidar faturas – em 2011 demorava onze dias e sete em 2010. «Nós pagamos na hora, os quatro dias referidos pela DGAL é o tempo que demora a processar administrativamente o documento», esclarece o edil aguiarense. Na sua opinião, esta situação deve-se à gestão praticada nos últimos anos num município que não tem dívidas a fornecedores, empreiteiros, coletividades ou Juntas de Freguesia. «É uma obrigação cumprir os nossos compromissos, uma vez que, depois do trabalho estar feito, todos têm o direito a receber o que lhes é devido, caso contrário as empresas começam a ter problemas financeiros. Mas em Aguiar da Beira não é por culpa da Câmara que as empresas estão em dificuldades», considera Fernando Andrade.
O presidente, que está no seu último mandato, aponta o dedo às Câmaras que «gastam à “tripa forra”, às vezes por razões eleitoralistas, para vir depois o Estado tapar os “buracos” financeiros que abrem». De acordo com o relatório da DGAL, a Câmara do Sabugal também melhorou o seu desempenho, tendo passado de 23 para nove dias em 2012, pelo que é a segunda mais rápida a pagar a fornecedores no distrito da Guarda. No ano passado, os prazos foram igualmente encurtados em Pinhel (de 88 para 48 dias), Almeida (de 93 para 45) e Vila Nova de Foz Côa (de 93 para 39). Pelo contrário, os pagamentos fizeram-se muito mais tarde na Guarda, cuja Câmara demorou 462 dias a pagar a fornecedores quando o fazia em 138 em 2011. O mesmo sucedendo em Gouveia (de 162 para 212) e Fornos de Algodres (passou de seis para 32 dias). No final de 2012, os 301 municípios analisados pela DGAL demoravam, em média, 137 dias (quatro meses e meio) a pagar a fornecedores, mais 25 dias que no ano anterior.
O relatório revela que 145 autarquias demoravam mais do que 90 dias a efetuar os pagamentos e destes 29 faziam-no passado mais de um ano. O pior caso verifica-se na Câmara de Porto Santo (Madeira), que demorava 2.412 dias a pagar. Os restantes municípios mais demorados eram Portimão (1.970 dias), Nordeste (1.875), Nazaré (1.464) e Paços de Ferreira (1.284). A DGAL identificou ainda 73 câmaras que pagavam em menos de 30 dias e 13 a cinco ou menos dias.
Luis Martins 
