A tomada de posse dos novos órgãos dirigentes da distrital da Guarda do Partido Social Democrata contou com a presença de Miguel Relvas, naquela que foi a sua primeira visita ao distrito enquanto secretário-geral do partido. Três semanas depois das eleições, Ana Manso, que já vai no seu terceiro mandato, apelou à «coesão do partido em torno do mesmo projecto», algo que não tem existido nos últimos tempos, mas considera que ainda «não é o momento, nem o “timing” certo» para anunciar se vai ou não ser candidata à Câmara da Guarda nas próximas autárquicas, agendadas para Outubro de 2005.
Para a líder da distrital, este vai ser um mandato «mais exigente», pois «não há margem para falhar, nem para cometer erros». Com as autárquicas e as legislativas à porta, melhorar os resultados do partido «é o grande desafio» do PSD Guarda, salienta Ana Manso. Nesse sentido, o partido vai «conjugar esforços» com todas as estruturas, «sem excepções», da JSD às concelhias, militantes e simpatizantes, garante, não sem antes aproveitar a ocasião para fazer algumas críticas ao Governo: «A Guarda está sempre presente nos discursos, mas raramente nas opções e práticas políticas», lamenta, exemplificando com várias situações na saúde, segurança social, economia, acessibilidades ou na educação, entre outras áreas. Tudo porque os dinheiros públicos a nível do PIDDAC, dos contratos programas e das TNS, «têm sido magros e curtos», alega Ana Manso. Miguel Relvas, por sua vez, não prometeu nada e até se antecipou chamando a líder da distrital de «presidente da Câmara», um lapso cometido por várias vezes. Desfeito o deslize, o secretário-geral do PSD afirmou que a prioridade dos social-democratas na Guarda é a conquista da Câmara Municipal. Mas quanto a candidatos, só depois do “open day”, o dia (9 de Outubro) em que as sedes de todas as estruturas do PSD do país vão estar abertas ao público em geral.
«Nessa altura, a direcção do partido vai receber propostas de cada região, para depois discutirmos nomes», adiantou Miguel Relvas. Mas há uma certeza, pois todos os actuais presidentes de Câmara serão, «à partida», candidatos nas próximas autárquicas. Contudo, já é conhecida uma excepção a essa regra, uma vez que António Edmundo será candidato em Figueira de Castelo Rodrigo (substituindo Armando Pinto Lopes). De resto, sabe-se que os “dinossauros” João Mourato (Mêda) e Júlio Sarmento (Trancoso) alinham em mais um mandato, enquanto Nuno Vaz será o candidato social-democrata em Seia e António Caetano em Celorico da Beira, uma mudança de cores [foi eleito na lista do MPT com Júlio Santos] anunciada há largos meses. Na Guarda tudo continua em segredo, embora o nome de Ana Manso seja o mais destacado. Miguel Relvas não se compromete e garante que o partido vai apresentar os «melhores candidatos», militantes ou não, «desde que sejam pessoas que acreditem no nosso projecto, no seu concelho e na sua terra», sublinha. Durante a sua intervenção, o dirigente nacional aproveitou ainda para relembrar o facto do novo líder do Partido Socialista, José Sócrates, ter militado na JSD, «o que é uma prova da grandeza dos sociais-democratas», ironiza, acrescentando que existe agora «uma dúvida socrática do novo líder do PS, que só sabe que nada sabe». Mas Miguel Relvas não deixou a Guarda sem tecer duras críticas à região por «não ter sido mais ousada» nas comunidades urbanas como foi Viseu, que «construiu um modelo apropriado à sua região». Para o “pai da descentralização administrativa”, como ficou conhecido, «esta região continua a olhar para o próprio umbigo» e tem por isso tem menos municípios e menos população, «o que a torna pouco competitiva», receia.
Patrícia Correia