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Câmara censura Rádio da Covilhã

Autarquia criticou notícia por não conter som das declarações de Carlos Pinto

A censura parece ter chegado à Rádio da Covilhã, com a Câmara local a ameaçar não prestar «quaisquer declarações nem contactar» com a emissora enquanto permanecerem na estação os «actuais “jornalistas”». Este foi mais um episódio de pressão da maioria social-democrata sobre aquela rádio, depois de ter derrubado deliberadamente o microfone de uma sua jornalista e de a ter impedido de entrar na sala de reuniões para uma conferência onde se encontravam os restantes jornalistas.

A recente tomada de posição da autarquia, através de um fax não assinado do Gabinete de Relações Públicas e Comunicação Social, surge após a jornalista não ter colocado um som do presidente da Câmara numa notícia sobre a reabertura oficial da Escola e Jardim-de-Infância de Santo António no passado 16 de Outubro. No fax, a que “O Interior” teve acesso, a Câmara lamenta que a «”jornalista”» tenha «ignorado o tutelar da Câmara Municipal», que teceu várias considerações sobre o papel da educação no desenvolvimento do concelho e a disponibilidade da autarquia na celebração de entendimentos para alargar competências junto do respectivo Ministério, entre outras. «Já não ignora e sobra tempo e espaço para a repetição da cassete do “presidente da comissão de utentes”», criticam, considerando que a jornalista «distorce as realidades» perante os ouvintes da rádio que «sentem a mesquinhez e o abuso inqualificável de privilegiarem posturas discriminatórias e completamente desequilibradas de tempo de antena», lê-se ainda no fax. Perante isto, a Câmara acusa a jornalista de estar «ao serviço de forças políticas minoritárias», recusando-lhe qualquer «abertura institucional para contactos futuros».

A agravar mais o caso, há ainda a possibilidade da mudança de instalações da rádio para um outro edifício pertencente ao município na Quinta da Alâmpada, na Boidobra, apesar de haver um projecto aprovado pelo Instituto da Comunicação para junto da UBI.

“O Interior” tentou contactar o director de informação, o jornalista do “Jornal do Fundão” Romão Vieira, mas este não quis prestar declarações remetendo o caso para o presidente da direcção. Por sua vez, Jorge Santos Silva “atirou” o assunto para a responsabilidade de Romão Vieira por ser ele o responsável pela informação da emissora. «O presidente da direcção não pode ser o bode expiatório para tudo. Por isso é que distribuímos diversos pelouros, pelo que este não é um problema da direcção mas do director de informação», argumenta. Mas enquanto a direcção – onde prontifica o vereador e presidente da concelhia do PSD Joaquim Matias com o cargo de director de programação – se remete ao silêncio, os jornalistas da Rádio da Covilhã preparam-se para apresentar queixa contra a Câmara junto do Sindicato dos Jornalistas e da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

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