1. O governo decidiu que as férias judiciais de verão devem ser reduzidas a um mês, a partir do ano que vem. Segundo os estudos em que se baseou a decisão, esta alteração irá reduzir os atrasos judiciais. Segundo os meus próprios estudos, a única redução que se vai verificar é na capacidade de resistência dos operadores judiciais, este vosso criado incluído.
2. A água que resta nas barragens é insuficiente para a produção de energia eléctrica. É insuficiente até para fornecer oxigénio aos peixes que aí vivem. É insuficiente também para permitir às aeronaves abastecerem-se a caminho dos incêndios. A carne morta dos peixes tornou-a também imprópria para consumo humano. Os incêndios grassam. A EDP está a fornecer energia eléctrica com base nos combustíveis fósseis – assim agravando o aquecimento global. E ainda falta o pior do verão.
3. A economia estagnou. Não aguentamos a concorrência estrangeira. Não aguentamos o preço do petróleo. Não aguentamos os encargos do Estado. Não temos meios para assegurar aos reclamantes o que eles reclamam de todos nós por intermédio do Estado. Não temos já, sequer, a garantia da almofada europeia.
4. Regressou a ameaça terrorista. Regressaram aqueles que apregoam que a solução para o terrorismo consiste em eliminar as injustiças no Mundo. Não tenho nada a dizer-lhes senão que não teremos nunca a capacidade para isso. Nem a temos para neutralizar os fundamentalismos e a estupidez.
5. Continuamos a ser governados pelos mesmos. Alberto João Jardim, Valentim Loureiro, Avelino Ferreira Torres e Isaltino Morais vão ser reeleitos, entre muitos outros. Outros que estes, presos ou exilados, teriam também a sua oportunidade – que há em Portugal imbecis bastantes para garantir a eleição de qualquer um.
6. Vamos continuar a ver 70 por cento de reprovações a matemática no nono ano, milhares de alunos a entrar em cursos de letras (sem matemática) e as empresas a ter de procurar técnicos no estrangeiro.
7. E mesmo assim é Verão. Boas férias.
Por: António Ferreira
