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Belmonte vai acolher Fundação do Descobrimento do Brasil

Instituição quer reforçar as relações entre oito municípios portugueses e os congéneres da Costa do Descobrimento

Um contratempo burocrático adiou segunda-feira, em Belmonte, a cerimónia de constituição da Fundação do Descobrimento do Brasil a criar entre oito municípios portugueses ligados ao Descobrimento do Brasil e ao navegador Pedro Álvares Cabral. A escritura deveria ser um dos momentos altos do programa das comemorações do Dia do Concelho, mas o atraso do registo da nóvel instituição, que vai servir para reforçar as relações luso-brasileiras entre estes municípios e os congéneres da Costa do Descobrimento, protelou o acto, que deverá acontecer até ao Verão, de acordo com Amândio Melo, presidente da autarquia.

A sede da futura fundação vai ficar instalada na terra de Cabral, de onde partiu a ideia, e a sua presidência será rotativa. Belmonte, Celorico da Beira, Fafe, Felgueiras, Ribeira de Pena, Santarém, Trancoso e Viana do Castelo são as entidades fundadoras deste organismo que pretende «dinamizar e estreitar» a cooperação cultural entre municípios e associações portuguesas e brasileiras. «Temos no terreno um conjunto de equipamentos que podem estabelecer uma estratégia de desenvolvimento, mas também favorecer a troca de experiências, de conhecimentos e de culturas», disse Amândio Melo, aludindo à existência da Casa da Cultura Pedro Álvares Cabral em Santa Cruz de Cabrália, construída pelo município belmontense, ou de outra instituição cultural em Porto Seguro, patrocinada pela Câmara de Fafe. «É um património muito interessante e um ponto de partida para uma cooperação mais vasta, integrada e assídua», acrescentou, perspectivando já a organização, em parceria com entidades brasileiras, de colóquios ou exposições, entre outras actividades a definir futuramente. Como habitualmente, as cerimónias contaram com a presença de uma grande comitiva brasileira, liderada, nomeadamente, pelo cônsul geral do Brasil, Júlio César Gonçalves, e o presidente da Ordem de Mérito Internacional do Descobridor do Brasil, entre outros. Já o Governo português esteve representado pelo secretário de Estado Adjunto do Ministro da Cultura, José Amaral Lopes.

A celebração do Dia do Concelho foi ainda assinalada pela criação da Empresa Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social de Belmonte, à qual caberá promover acções de âmbito cultural, social e de educação, mas sobretudo gerir os cinco espaços museológicos construídos e a construir. Para além do Ecomuseu do Zêzere, em funcionamento há três anos, e do museu judaico, já concluído e a aguardar espólio, perspectivam-se mais dois núcleos no castelo, subordinados à temática dos Descobrimentos e à arqueologia municipal, uma intervenção da responsabilidade do IPPAR. Paralelamente, a autarquia tem em construção o museu do Azeite e está a projectar um Centro Interpretativo dos Descobrimentos, a instalar no antigo solar da família Cabral. Argumentos com os quais Belmonte pretende alcançar o título de «vila-museu», espera o presidente. De resto, Amândio Melo tem outra esperança, a de receber um pólo da Universidade da Beira Interior. Um desejo manifestado durante a sessão solene e que já será do conhecimento do reitor da UBI, Santos Silva. «Estamos a dez minutos da Covilhã e esta é uma ambição legítima», disse o autarca, acrescentando que a Câmara está «em condições de disponibilizar instalações para o efeito». Amândio Melo não especificou que tipo de pólo poderia ser instalado em Belmonte, mas considerou que pode contribuir para o desenvolvimento local. O autarca não esqueceu também a construção do Itinerário Complementar 6 (IC6) entre a Covilhã e Coimbra, e juntou a sua voz à dos autarcas da corda da Serra: «Precisamos dessa nova estrada e com um perfil adequado: com quatro faixas de rodagem», reivindicou.

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