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Beiralã fechada desde o Natal

Empresa pode ser viabilizada em breve e readmitir até 150 trabalhadores, mas o sindicato manifesta algumas reservas

Os portões da Beiralã estão fechados desde 22 de Dezembro, mas a fábrica de Seia pode voltar a laborar em breve. Em Setembro último, 150 dos 203 trabalhadores da empresa pediram a suspensão dos contratos de trabalho e, antes do Natal, os restantes seguiram o mesmo caminho. «Pressionados pela empresa, ninguém o fez de ânimo leve. Não havia trabalho para todos, logo não recebiam ao final do mês», adianta Carlos João, presidente do Sindicato dos Têxteis da Beira Alta (STBA).

Mas a principal motivação dos trabalhadores terá sido outra. Rui Cardoso reuniu em Outubro com o sindicato e um grupo de empresários do sector da Guarda e da Covilhã, interessados em viabilizar a empresa. Na altura, o proprietário da fábrica têxtil anunciou aos trabalhadores que, a 2 de Janeiro, seriam constituídas duas novas sociedades para explorar a Beiralã, estando assegurada a possibilidade de readmitir aos serviço «até 150 funcionários», que seriam contactados na última segunda-feira. Contudo, as intenções ainda não passaram disso mesmo. Rui Cardoso confirma que existem «alguns atrasos no processo», mas garante que o regresso à laboração «está para breve». Segundo o empresário, serão readmitidas ao serviço entre 100 e 150 pessoas «no prazo de um ano». A Beiralã voltará, assim, a laborar nos mesmos moldes, mas Rui Cardoso não ficará ligado a nenhuma das empresas.

A maior novidade é que uma delas vai dedicar-se à comercialização de fios – «uma área que a Beiralã não dominava», acrescenta o administrador – e a outra à comercialização de tecidos. Depois de constituídas, as empresas irão laborar durante «dois a três meses e só depois a Beiralã será decretada insolvente», revela Rui Cardoso. Só que ao que O INTERIOR apurou, um dos credores da Beiralã, uma empresa francesa fornecedora de matéria-prima, deu entrada, por via electrónica, com um pedido de insolvência no Tribunal de Seia no dia 23 de Dezembro. Rui Cardoso admite ser verdade e adianta que, apesar de ainda não ter sido notificado, irá «tentar parar o processo», contestando-o judicialmente. Mas, para já, estão a decorrer «negociações com a empresa credora no sentido do pedido ser retirado», revela.

No entanto, o STBA mostra algumas reservas. Apesar do optimismo com que tem conduzido o processo, e que ainda em Setembro reafirmava a O INTERIOR, Carlos João diz agora começar a «desacreditar» na viabilização da Beiralã, porque o ano novo chegou e não há qualquer sinal do investimento prometido. «A administração tinha anunciado que na segunda-feira os trabalhadores seriam chamados, mas isso não aconteceu», constata o sindicalista, para quem a última esperança reside numa reunião que aconteceu ontem, quarta-feira, com a administração. «Começo a não ter argumentos para confirmar algum optimismo e para convencer os trabalhadores de que tudo se irá resolver. Tenho medo que se instale a desconfiança e o desânimo», admite.

TSE de Gouveia vai reabrir

Esta poderá ser a excepção que confirma a regra. A Têxteis Serra da Estrela (TSE), de Gouveia, vai voltar a laborar até ao final do mês. Um dos antigos três accionistas adquiriu a empresa, paralisada desde Setembro de 2007, e propõe-se viabilizá-la. A TSE deu sinal das primeiras dificuldades a 6 de Setembro de 2007, quando os operários foram enviados para casa de férias, situação que apenas estava prevista para o final do ano. Na altura, os 80 funcionários suspenderam os respectivos contratos de trabalho. Em Maio de 2008, o Tribunal de Gouveia decretou a insolvência da fábrica que, desde 1999, funcionava na antiga Têxtil Lopes da Costa.

Rosa Ramos

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