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Avaliação dos bancos à habitação na Guarda foi a que mais caiu

NUT III da Serra da Estrela é a que regista o valor mais baixo de todas do Continente com o preço médio de 762 euros por metro quadrado

A Guarda é a região do país que registou as maiores quedas na avaliação que os bancos fazem à habitação em Portugal desde que a crise financeira se instalou no Verão de 2007. O preço médio do metro quadrado de uma habitação na cidade mais alta é de 775 euros, enquanto que a NUT III da Serra da Estrela – que integra os municípios de Fornos de Algodres, Gouveia e Seia – regista o valor mais baixo de todas com o preço médio de 762 euros, menos 33,7 por cento da média do Continente. Várias agências imobiliárias da Guarda garantem que está a ser mais difícil para os interessados em comprarem casa obterem crédito junto da banca.

Os números do inquérito trimestral à avaliação bancária elaborada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados a semana passada e a que O INTERIOR teve acesso, mostram que o valor médio da avaliação bancária no Continente se situou no primeiro trimestre nos 1,149 euros por metro quadrado, menos 5,8 por cento do que em igual período de 2008, sendo ainda o valor mais baixo dos últimos seis anos. De acordo com a edição do “Jornal de Negócios” de quarta-feira da semana passada, a Guarda é a zona mais penalizada com uma queda do preço médio da avaliação bancária de 22,54 por cento, contra 19,63 e 8,73 por cento dos distritos vizinhos de Viseu e Castelo Branco, respectivamente. Ainda segundo dados do INE, na Covilhã o preço médio da avaliação bancária por metro quadrado é de 883 euros, menos três que em Castelo Branco. Por NUT’s III, na da da Beira Interior Norte – que inclui Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal e Trancoso – o valor é de 781 euros e na Cova da Beira (Belmonte, Covilhã e Fundão) é de 816. Eduardo Gonçalves, da Era Imobiliária da Guarda, sublinha que «está a ser complicadíssimo as pessoas obterem créditos», especialmente quando se tratam de «apartamentos com valores muito baixos». Por outro lado, considera que «ainda não houve um ajustamento à realidade em função dos critérios dos bancos» por parte de quem tem imóveis para vender há muito tempo, uma vez que a «única forma de terem interessados é baixarem o preço». Este responsável aponta como possíveis causas para o facto da Guarda ser a região do país onde os preços da avaliação bancária mais baixou a «menor procura», bem como a contingência de ser «uma zona fragilizada pelas fábricas que ameaçam falir», o que leva a que «os bancos tendam a segurar-se». De resto, «quanto mais baixo for o valor da habitação feita pelo banco, menos terão de dar de crédito», constata.

Por seu turno, Alda Santos, da Remax Altitude, assegura que «a nível de processos bancários, está a ser mais rigoroso e demorado», isto porque «há avaliações muito mais rigorosas», havendo casos «de pedidos que são rejeitados à primeira». Por outro lado, «antigamente os clientes pediam um determinado montante ao banco e esse valor era concedido quase na totalidade», enquanto que agora «só dão entre 60 a 70 por cento, em média». Também Filipe Jerónimo, da Imobretanha, tem sentido no terreno que «está a ser mais difícil a quem quer comprar casa obter crédito», tendo em conta que «os bancos fecharam a “torneira”». Menos céptico está Paulo Monteiro, da “e+” mediação imobiliária, que sustenta que a avaliação «depende de banco para banco. Há alguma subjectividade e não será linear». No entanto, realça que a avaliação mais baixa feita pelas entidades bancárias «tem a ver com a sua menor liquidez», ao passo que «a ponderação é mais conservadora e o factor risco mais tido em consideração». Por outro lado, «se o mercado baixou, a avaliação também», salientando que «as condições para as fazerem crédito são as mesmas».

Ricardo Cordeiro Imobiliárias da Guarda confirmam que está a ser mais difícil para os possíveis compradores obterem crédito

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