Arquivo

Autarcas do PSD indignados com PIDDAC

Gomes da Silva veio à Guarda dizer que este é o Orçamento da «esperança» mas foi confrontado com críticas

O ministro dos Assuntos Parlamentares foi confrontado no sábado na Guarda com o descontentamento de alguns autarcas do PSD quanto às dotações atribuídas aos seus municípios no PIDDAC para 2005. Os mais «indignados» e «magoados» foram João Mourato, da Mêda, e Fernando Andrade, de Aguiar da Beira, que deram voz às críticas a um programa de investimentos que consideraram «lamentável». Rui Gomes da Silva ouviu e respondeu que em ano de eleições os autarcas «querem sempre mais». O problema é que «eles pensam nos seus municípios e o Governo no todo nacional», disse, aludindo à necessidade de manter um défice de três por cento.

Ana Manso, líder da distrital, escusou-se ao contraditório em matéria de PIDDAC, uma vez que o considera «o mais justo e solidário dos últimos anos», mas disse-se contra as portagens na A23 e A25. «Quando tivermos verdadeiras vias alternativas, o mesmo rendimento e poder de compra das gentes do litoral, quando o despovoamento for resolvido e tivermos as mesmas condições, então sim, poderemos pagar portagens», argumentou a também vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, que não se esqueceu do novo hospital da Guarda. João Caramelo, delegado distrital do CDS-PP, admitiu, por sua vez, que o PIDDAC «é sempre curto, as verbas não chegam e ninguém está satisfeito», mas classificou de «paroquiais» as críticas ouvidas na última semana. «Podemos reivindicar porque temos mais projectos e ideias, pois a comparação de dotações é mera retórica», acusou, garantindo a Gomes da Silva que «não estamos satisfeitos, mas compreendemos» as opções do Governo. Neste ambiente de absolvição, o ministro explicou aos poucos militantes presentes que o próximo Orçamento de Estado é de «esperança, optimismo e ambição», depois de uma fase de «austeridade e de “apertar o cinto”».

Gomes da Silva disse então que vêm aí aumentos de vencimentos, das pensões e uma diminuição dos impostos, «tal como sempre havíamos prometido em 2002», e que este Orçamento «beneficia» os portugueses, pois o Executivo de Santana Lopes «não está aí para complicar a vida a ninguém». O governante pegou então na bandeira da redução do IRS para sublinhar que «nove em cada dez famílias vão pagar o mesmo ou menos» no próximo ano. Quanto ao PIDDAC, o ministro recordou que o distrito da Guarda subiu dois lugares no “ranking” das dotações, da 17ª para a 15ª posição, e tranquilizou os mais incrédulos com as verbas do PIDDAC regionalizado, que vai «canalizar investimentos» para o distrito que estão concentrados no PIDDAC nacional. De resto, recordou os presentes que este programa de investimentos da administração central visa a «consolidação das contas públicas». Vieram então as críticas de Mourato e Andrade. O primeiro chegou a perguntar a Gomes da Silva se o facto da Mêda ter uma dotação «lamentável» se devia à sua pessoa e quis saber onde páram alguns projectos de acessibilidades, nomeadamente na ligação a Pinhel. O segundo, que se disse «magoado e desagradado», estranhou a «rapidez» com que a variante de Gouveia saiu do papel e está em execução, quando a variante de Aguiar da Beira, um projecto «tão ou mais antigo», parece ter desaparecido do mapa.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply