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Aumentam os idosos com mais de 85 anos internados no Sousa Martins

Todos os anos, Medicina, Ortopedia e Pneumologia são os serviços que recebem mais idosos

Consequência do próprio envelhecimento da população na região, tem vindo a aumentar, de ano para ano, a idade dos idosos internados nos diferentes serviços do Hospital Sousa Martins da Guarda. Nas faixas etárias mais baixas (65-75 e 75-84 anos), o número de internamentos até tem sofrido uma ligeira diminuição, mas quando se atenta aos dados relativos aos utentes com mais de 85 anos, os números são diferentes, já que de 1.059 internamentos em 2004, passou-se para 1.375 em 2007. Entre os 65 e 75 anos, em 2004, o hospital recebeu 2.153 idosos, contra 1.960 no ano passado. Na faixa etária dos 75 aos 84 anos, foram internados 2.179 idosos, número que decresceu para 2.038 em 2007.

No que se refere ao tempo de permanência, e usando como referência o serviço de Medicina, cada idoso terá permanecido hospitalizado, em média, 10,75 dias, o que representa um aumento em relação a 2000, ano em que cada internado ficou no serviço durante 8,70 dias. De resto, os serviços que, por norma, recebem mais idosos são a Medicina – são frequentes os casos de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e Demência. Segue-se a Ortopedia, onde a maioria dos internados sofreram quedas ou apresentam artroses. A Pneumologia vem depois, sobretudo no Inverno. Números à parte, uma coisa é certa para Teresa Luiz, a coordenadora da equipa de Assistência Social da unidade: «A população do distrito está cada vez mais envelhecida e a necessitar de cuidados de saúde», sentencia. Nesse sentido, a reivindicação de uma unidade de geriatria para a Guarda «é inevitável e urgente, até porque já existem em muitos distritos», acrescenta a assistente social.

Por cá, arrancou há um ano arrancou a Unidade de Serviços Continuados, que tem dado uma ajuda «preciosa aos idosos que necessitam de internamentos mais prolongados», pese embora esse serviço não se destinar exclusivamente a idosos, mas à generalidade dos utentes com possibilidade de reabilitação. Os Serviços Continuados contam com 27 camas – «que têm sido poucas para a realidade do concelho», garante –, a funcionar desde 19 de Janeiro de 2007 e já receberam cerca de 200 utentes.

«Aparece sempre alguém disposto a ajudar»

A Guarda é um distrito solidário. Em horários de visita não há idosos “esquecidos”, à semelhança do que acontece nos grandes centros. Teresa Luiz sublinha mesmo que «são raros os casos em que os idosos estejam sós ou sejam abandonados no hospital». No entanto, muitas vezes, os seus familiares directos – os filhos – estão no estrangeiro, «até porque esta é uma zona de emigração por excelência». Mas há casos em que os filhos residem nos grandes centros urbanos do litoral. «Muitos até querem levar os pais para junto de si, só que estes não se adaptam ao ritmo de vida, passam o dia sozinhos em casa e sentem-se desfasados das suas raízes e pontos de referência», acrescenta. A sorte é que, nas aldeias, diz Teresa Luiz, existe sempre «um familiar ou um vizinho disposto a ajudar e a prestar cuidados aos seus “velhinhos”». Além disso, o distrito da Guarda estará «muito bem servido» em matéria de lares, bem como de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) que prestam cuidados a idosos. «Mas, mesmo assim, a lotação está sempre esgotada no hospital», adianta Teresa Luiz.

Rosa Ramos

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