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«Atualmente não há condições para um aumento de propinas na UBI»

Cara a Cara – Marco Saldanha

P – O facto de ter havido só uma lista candidata às eleições da AAUBI é um bom ou mau sinal (do desinteresse dos estudantes) para a academia?

R- Considero que ter havido apenas uma lista não é sinal de desinteresse dos estudantes, mas sim um sinal de convergência e de união em torno de um projeto que pretende dinamizar a nossa academia e, acima de tudo, defender o interesse de todos os estudantes. Sinal disso mesmo é que, apesar de lista única, os estudantes mostraram-se interessados em exercer o seu direito de voto, tendo quase duplicado o número de votantes em relação ao ano anterior. Estando na base deste projeto a inclusão e a cooperação, sentimos o dever de incluir todos os estudantes e de continuar a motivar o seu interesse no futuro da Associação Académica.

P – Qual é o seu projeto prioritário para este mandato?

R – Não posso destacar apenas um, porque não tenho um projeto prioritário mas sim vários. Apresentámo-nos a eleições com 11 áreas estratégicas e nessas haverá certamente muitos objetivos que queremos desenvolver. Mas sempre posso destacar projetos que quero implementar ao nível da ação social, do desporto, do empreendedorismo ou da cultura. Assim, pretendemos ter um papel interventivo no Conselho do Fundo do Apoio Social da UBI, pretendemos promover e apoiar as modalidades de desporto universitário de forma a obtermos melhores resultados finais, abrir mais modalidades nas nossas academias de formação desportiva, apoiar e trabalhar em conjunto com os Núcleos de Estudantes e tunas, promover eventos culturais para toda a cidade e desenvolver um circuito de promoção da UBI pelas escolas secundárias da região de forma a captar novos estudantes para a nossa Academia.

P – Como vê a UBI no atual momento?

R – Vejo a UBI como uma instituição de referência do ensino superior no interior de Portugal, que teve um processo evolutivo ao nível de várias áreas nos últimos anos e que deve continuar a progredir de forma a ser essa referência não só a nível nacional, mas também internacional.

P – O que pensa da eventual fusão UBI/IPG?

R – A possibilidade de fusões de instituições e da reorganização da rede do ensino superior parece ser uma realidade cada vez mais próxima. Defendo que, de facto, é necessária uma reorganização da rede e da oferta formativa do ensino superior para que seja mais eficiente e coerente. A nível da Beira Interior, essa reorganização pode passar pela fusão da UBI com o IPG numa só instituição ou pela revisão da oferta formativa das duas instituições. Não temos desde já uma opinião pré-concebida sobre esta matéria mas depois de tomarmos posse pretendemos ter um papel interventivo junto da reitoria e da secretaria de Estado, ouvindo todos os intervenientes, estudando e procurando soluções para esta questão.

P – Como está a AAUBI financeiramente? As contas já estão positivas?

R – Apesar de entender a pergunta, sempre defendi que a situação financeira da AAUBI não devia ser discutida fora dos locais certos, ou seja, a situação financeira da AAUBI deve ser discutida em Assembleia Geral de Estudantes. Por isso, o único comentário que posso tecer é que a AAUBI se encontra, hoje, financeiramente saudável.

P – Qual a sua posição perante os cortes orçamentais apresentados pelo Governo?

R – É óbvio que os cortes orçamentais apresentados pelo Governo condicionam e dificultam a ação das universidades portuguesas. Estes cortes vão dificultar o trabalho em áreas da UBI como a ação social ou o Desporto universitário, no entanto, espero que estas áreas não sejam condicionadas e que o trabalho do Fundo de Apoio Social ou as equipas de desporto universitário continuem a ter o mesmo apoio que antes. Da parte da AAUBI posso garantir que tudo faremos para tal.

P – Acha que há condições para a UBI aumentar as propinas no próximo ano?

R – O aumento de propinas é e será sempre um tema muito delicado no ensino superior. Por toda a conjuntura e dificuldades com que os estudantes do ensino superior se deparam no seu dia-a-dia, considero que a AAUBI deverá ter sempre um papel interventivo neste debate e na defesa dos seus estudantes mostrando-se, assim, contra esse mesmo aumento, uma vez que atualmente não há condições para um aumento de propinas. Numa altura em que debatemos a questão do abandono escolar e as suas causas, não me parece que a forma mais correta de combater este flagelo seja aumentar as propinas, por isso não considero ser o momento certo para tal.

P – A AAUBI tem noção de quantos alunos abandonaram os estudos devido a carências económicas?

R – Não temos números concretos, no entanto, temos conhecimento de alguns casos em que isso aconteceu. É uma situação difícil de avaliar em dados concretos, uma vez que ainda existe um certo constrangimento dos estudantes em admitirem que sofrem dificuldades financeiras. Para aproximação e apoio a estes casos e a problemas pedagógicos, a AAUBI possui um Gabinete de Apoio ao Estudante, que pretendemos divulgar mais para que os estudantes percebam que têm uma porta aberta e colegas que os podem ajudar e encaminhar na procura de uma resolução para os seus problemas.

P – Quais são os principais constrangimentos dos estudantes da UBI (em termos de instalações, cantinas, bibliotecas, propinas)?

R – Pelo que tive oportunidade de ouvir e debater com os estudantes ao longo da campanha eleitoral, percebi que os principais problemas na UBI apontados passam pela falta de salas para trabalhos de grupo e a preocupação ao nível de acessibilidades para estudantes com deficiências motoras nalgumas das faculdades. Ao longo do mandato vamos procurar estar atentos e sensíveis a todas as preocupações que os estudantes apresentem.

Marco Saldanha

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