Candidato-me ao cargo de Presidente da Assembleia Municipal de Guarda nas próximas eleições autárquicas de Outubro nas listas do PS. É a primeira vez que me candidato a um cargo de natureza electiva na minha terra. Na terra onde nasci e onde vivi até aos meus 20 anos. Onde forjei a minha personalidade. Nesta terra aonde estou a regressar à medida do meu crescente desejo, só moderado por algumas exigências da vida profissional. E o desejo é forte quando se sente o apelo das origens, sobretudo quando as reconhecemos como o lugar da própria identidade. E eu reconheço a minha terra como o lugar que me moldou a identidade. O regresso a ela é, pois, o regresso a mim mesmo.
Mas este regresso tem mais sentido se for assumido também como reencontro com os meus e como responsabilidade assumida perante a comunidade a que pertenço. E foi por isso que aceitei, com alegria, o honroso convite que Joaquim Valente e o PS me fizeram para liderar a lista que concorre à Assembleia Municipal da Guarda. É, assim, não só um reencontro de afectos ou a celebração de uma persistente nostalgia, mas também um reencontro responsável e empenhado, em linha com as opções de toda uma vida.
E as minhas opções são precisamente as que se exprimem como liberdade responsável, como igualdade de condições para todos e como coesão solidária das comunidades, conjugando-se todas com harmonia e com equilíbrio. Afinal, a liberdade, a igualdade e a solidariedade são os valores fundacionais da própria democracia. São, por isso, os meus próprios valores.
Tendo estes valores como horizonte ideal, também quero dar um significado local ao meu próprio empenho no plano nacional, contribuindo, deste modo, à minha modesta escala, para acrescentar valor local ao ambicioso projecto de José Sócrates de transformar Portugal num país moderno, próspero, eficiente e competitivo, mas também solidário.
E quero dar um significado local ao meu empenho político partilhando com a equipa liderada por Joaquim Valente uma sólida visão estratégica que determinará, sem dúvida, um novo impulso qualitativo na via de um desenvolvimento integrado do nosso Concelho.
Em primeiro lugar, queremos pôr a Guarda no mapa político de Portugal, devolvendo-lhe protagonismo pelas melhores razões, ou seja, produzindo um novo impulso qualitativo em todas as frentes do desenvolvimento regional.
Em segundo lugar, queremos que esse desenvolvimento potencie o que de verdadeiramente estratégico possuímos – a Guarda como plataforma ibérica nas áreas vitais do desenvolvimento: no saber, no conhecimento e nas comunicações. Lá onde a Guarda possa propor-se como lugar de convergência ibérica, constituindo-se como motor de uma nova centralidade transfronteiriça. Isso é possível no plano cultural e científico, desde que se reforce e alargue a plataforma de convergência (que já é, em parte, o Centro de Estudos Ibéricos) entre as Universidades de Coimbra e de Salamanca, mais ou menos equidistantes. Uma vital plataforma de convergência também a temos na rede de comunicações, pela excepcional posição estratégica que aqui ocupa a Guarda, designadamente, nos planos rodoviário e ferroviário.
Em terceiro lugar, queremos também produzir um novo impulso qualitativo nas políticas urbanas: qualificar e revitalizar o nosso núcleo urbano, não só por imperativos de qualidade urbana, de exigência cultural e de reforço comunitário da vida citadina, mas também por imperativos de natureza económica. Com efeito, a competitividade económica das cidades aumenta exponencialmente quando se apresentam com um tecido urbano qualificado e revitalizado. O impulso qualitativo urbano revitaliza o espaço público e a dimensão comunitária, produzindo efeitos económicos apreciáveis. A cidade não pode limitar-se a funcionar como mero centro de serviços ou mero ponto de passagem. Ela deve constituir-se como activo espaço público de vida urbana, como espaço verdadeiramente comunitário, fortemente apelativo para o cidadão.
Em quarto lugar, queremos prosseguir o excepcional trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nas zonas rurais do concelho, procurando consolidar, articular e reactivar a vasta rede de infra-estruturas que entretanto foram planeadas e construídas. É certamente necessário completar a rede de infra-estruturas básicas, mas é também necessário produzir um novo impulso de qualidade na vida e na paisagem comunitária rural.
Em quinto lugar, faremos um grande esforço de qualificação da gestão autárquica para que possamos cumprir o grande objectivo de todo e qualquer serviço público: servir bem e com eficácia os cidadãos.
A autarquia deve dar o exemplo, pondo ao serviço da comunidade não só a competência e a dedicação dos seus quadros técnicos, mas também o que de mais moderno e eficaz a ciência e a tecnologia nos podem proporcionar no plano da gestão dos serviços e empresas públicas. Uma gestão tecnicamente eficiente, mas também fortemente humanizada.
Não é subalterna a questão da gestão autárquica. É ela que verdadeiramente espelha o sentido das opções políticas. A opção pela dedicação ao serviço público ou a opção pelo simples exercício do poder e pela gestão de interesses puramente privados. A minha, a nossa, é uma clara opção pelo serviço público, de acordo com o nosso quadro de valores. Propondo uma forte intervenção estratégica sobre o concelho nunca descuraremos a dimensão de serviço à comunidade, aquela que ocorre diariamente porque diariamente os munícipes se relacionam com a Câmara. Nisso seremos fiéis à nossa tradição, aos nossos valores e até às nossas utopias. Porque só assim se pode construir um futuro digno, justo e solidário.
Por: João de Almeida Santos