P – Acredita que é possível plantar um milhão de carvalhos até ao final de Março?
R – A campanha é para semear e plantar um milhão de carvalhos, mas nunca dissemos que era numa só época. O que dizemos é que é possível se estiverem reunidas algumas condições, concretamente, se conseguirmos ter bolota em quantidade, se aderirem pelo menos 100 escolas e se cada escola contribuir com 50 alunos, então as condições alteram-se.
P – Quantas árvores já foram plantadas?
R – Até agora cerca de 30 mil, incluindo as 1.750 árvores que foram plantadas na segunda-feira.
P – Há muitos voluntários a aderir à campanha?
R – Sim, há. Inicialmente, a campanha foi direccionada para o ensino e as escolas, mas a sociedade civil está realmente a aderir de uma forma impressionante. Durante este mês e os próximos temos muitas escolas a quererem participar. No entanto, agora não temos bolotas, pelo que se torna complicado. Mas já passaram por cá cerca de mil pessoas.
P – Qual a importância deste tipo de iniciativas para a reflorestação do Parque Natural?
R – Eu diria antes da Serra da Estrela, das montanhas em particular, que, como temos vindo a dizer, são ecossistemas extremamente frágeis. É fundamental que dediquemos alguma atenção às montanhas, não só para as explorar, mas também para as compensar desse mesmo desgaste. As montanhas estão desertas de vegetação quando precisamos dela para evitar a erosão dos solos e fazer com que a capacidade de armazenamento da água se faça de forma mais lenta para que possamos ter água no Verão.
P – Que espécies já foram plantadas até aqui, porquê e com que objectivo?
R – Estamos a dedicar especial atenção às espécies autóctones, como o carvalho negral – daí o nosso apelo às escolas para apanharem bolota –, bétola e tramazeira, porque são estas as espécies para esta altitude.
P – Como vê a política de reflorestação levada a cabo nesta área protegida?
R – Não vejo. Estamos imensamente gratos ao Parque Natural por nos ter oferecido seis mil carvalhos, mas, em relação a outras entidades, não estamos a ver políticas de reflorestação na Serra com a dinâmica e o entusiasmo que gostaríamos de ver. Fala-se muito em projectos e milhões nos jornais, mas depois, na prática, não estamos a verificar isso. Nesta campanha tudo tem sido feito gratuitamente, pois é a associação que está a suportar os custos.
P – O que é preciso fazer depois desta iniciativa para evitar o flagelo dos incêndios florestais?
R – Penso que é necessário intensificar a vigilância, ter mais gente na floresta, incluindo a presença do cidadão comum, que haja uma grande rede de percursos, porque então o prevaricador não entra e não provoca o incêndio com tanta facilidade. Temos tido muito pouca receptividade, principalmente das pessoas do concelho de Manteigas. Há gente que vem de Lisboa para participar, na última iniciativa tivemos três pessoas com 80, 77 e 71 anos a ajudarem e saíram daqui como jovens! Os manteiguenses continuam de costas viradas para a Serra, têm ali um “diamante” e não tiram partido dele, vêem a Serra como um inimigo e não como um aliado.
P – Se algum visitante pretender aderir a esta iniciativa, como poderá fazê-lo?
R – Basta contactar a associação. Para isso, poderá ir à nossa página de Internet www.ase.serradaestrela.com, onde estão disponíveis as datas em que há actividades para as pessoas participar.