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Artesanato português pode ser certificado

As mantas da Serra da Estrela, os trajes típicos de pastor ou o doce de abóbora, são alguns dos produtos que podem vir a ser rotulados

Durante dois dias, a Casa Municipal da Cultura de Seia acolheu a Convenção Nacional da Federação Portuguesa de Artes e Ofícios Tradicionais. Trata-se de uma Assembleia Geral que junta todos os anos artesãos e outros responsáveis ligados a este sector, vindos de todo o país. Desta vez coube à Associação de Artesãos da Serra da Estrela organizar o encontro, em que marcaram presença os delegados de cada região e cerca de 30 dirigentes de associações de artesãos de todo o país.

Para João Amaral, presidente da Associação de Artesanato da Serra da Estrela (AASE), esta jornada foi «muito importante» para a discussão de assuntos relacionados com o artesanato. O dia de sábado foi mesmo «um dia grande», já que foram debatidos vários temas, a começar pelo reconhecimento do artesão, «que tem sido esquecido», passando pela Carta de Artesão e de Unidade Produtiva Artesanal que «pode contribuir para a melhoria das vendas dos produtos artesanais», realça o dirigente da AASE. E ainda pelas lojas de “franchising” de artesanato português que permitem criar postos de produtos de artesanato, «mas a decisão final cabe aos investidores», sublinha João Amaral. A conclusão central saída desta convenção relaciona-se com a certificação do artesanato português: «Devem ser criadas regras em função da área geográfica dos artesãos e através de um símbolo de reconhecimento aprovado», explica o responsável. O símbolo até já foi aprovado pela Portaria nº1085/2004, de 31 de Agosto, e contém as expressões “produzido por artesão reconhecido” ou “produzido por unidade produtiva artesanal reconhecida”, o número da respectiva carta e as actividades a que respeita o reconhecimento, bem como a palavra “Portugal”.

O dístico “Produto Artesanal Português” tornará «mais clara a nossa relação com o mercado», acredita João Amaral, já que pode ser utilizado na rotulagem, publicidade e demais produtos. As mantas da Serra da Estrela, lenços dos namorados, bordados de Castelo Branco, trajes típicos de pastor da Serra e até o doce de abóbora, são alguns dos produtos que podem vir a ser rotulados. De certa maneira, o que se pretende é criar uma distinção «entre o que é importado e o que nós produzimos», sublinha. Por tudo isto, esta iniciativa «é importante para o desenvolvimento económico da região», pois incentiva a produção artesanal, refere o presidente da AASE. De resto, saíram da reunião notas «extremamente importantes» que poderão ter consequências a curto prazo, acredita aquele responsável. Entretanto, durante o encontro foi também feita a apresentação oficial do portal da Associação de Artesãos da Serra da Estrela, que é uma espécie de «plataforma do artesanato», considera João Amaral, acrescentando que ali o público pode ficar a conhecer um vasto leque de produtos artesanais da região.

Patrícia Correia

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