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Arte sacra roubada exposta em Pinhel

Iniciativa da PJ pretende chamar a atenção para a necessidade de proteger melhor o património religioso do distrito

A igreja de Santa Maria do Castelo poderá ser a primeira da Diocese da Guarda a integrar o projecto “Igreja Segura” que a Polícia Judiciária está a desenvolver desde 2003 para combater os furtos de arte sacra. O desafio foi lançado na passada sexta-feira após a inauguração da exposição “SOS Igreja”, que está patente ao público até 30 de Setembro.

Leonor Sá, directora do Museu da PJ, apelou às autoridades eclesiásticas e administrativas para colaborarem com a polícia para melhorar a protecção do património religioso do distrito, por considerar que o que se faz actualmente «nem sempre corresponde ao grau de importância que devemos atribuir à sua salvaguarda». Com o objectivo de chamar a atenção para este problema, o Instituto Superior de Polícia Judiciária e Ciências Criminais apresenta naquele templo do século XIV, fechado ao culto e ao público há alguns anos, uma mostra multimédia inteiramente constituída por peças roubadas e recuperadas pela PJ. Estas esculturas, pinturas e objectos usados na liturgia não foram devolvidas aos seus proprietários porque «não houve queixas dos furtos, nem estes objectos estavam inventariados». Pior, segundo a PJ, as paróquias e comissões fabriqueiras lesadas «nem sequer terão dado pela sua falta».

É para evitar estas situações que a exposição divulga as soluções preconizadas pelo projecto “Igreja Segura – Igreja Aberta”. A ideia é tornar estes espaços mais acessíveis e seguros, através da implementação de várias medidas de segurança, da inventariação, conservação e valorização do espólio. Nesse sentido, alerta ainda para a astúcia de burlões que se fazem passar por técnicos de restauro com o intuito de convencer os párocos a entregar-lhes determinadas peças. Depois de copiadas, os criminosos ficam com os originais e devolvem as cópias aos padres. «Seguindo as tendências internacionais, o furto e tráfico de arte sacra apresenta índices preocupantes no nosso país, pelo que é necessário agir em conjunto», adianta a PJ.

Da parte do município de Pinhel, antiga sede de Bispado, o seu presidente manifestou interesse em aderir ao projecto, já posto em prática em 13 igrejas-piloto. «Temos peças únicas, que estão vulneráveis demasiadas vezes, pelo que só conhecendo melhor este património o poderemos proteger», afirmou António Ruas. O edil reconheceu que a sua «fruição é de risco, mas gera mais-valias para o concelho». Actualmente, está em curso a inventariação e catalogação, por arciprestado, de toda a arte sacra existente na Diocese da Guarda. As visitas à exposição “SOS Igreja” fazem-se por grupos e acontecem de meia em meia hora devido à instalação multimédia.

Luis Martins

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