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Ambiente e fogos florestais

Agora Digo Eu

O verão aqui está em toda a sua plenitude, com o inevitável calor e consequente risco de incêndio. E o distrito da Guarda, conjuntamente com outros treze, está esta semana em alerta vermelho. Falemos hoje e aqui desta calamidade que são os fogos florestais.

São eles os primeiros responsáveis pela secagem dos solos, pela desertificação da paisagem, ao mesmo tempo que libertam para a atmosfera muito fumo e calor.

As monoculturas como o pinheiro, eucalipto, trigo e centeio, que quando feitas sem critério e orientação técnica, são responsáveis pela secagem dos solos e pelos incêndios com a inevitável destruição da fauna. È por isso que existe a necessidade de defender, por todos os meios ao nosso alcance, o vastíssimo património ambiental que é de todos nós. Para isso é indispensável apostar na prevenção, no investimento em meios de combate, no aumento de pontos de água, sempre defendidos por bombeiros e Proteção Civil, até mesmo à entrega de telemóveis a residentes isolados e pastores.

Sabemos hoje o que é poluição, o que é o efeito de estufa, o que é o buraco do ozono. Sabemos as causas e as consequências como também sabemos que os solos apresentam índices de poluição dado o uso intensivo de pesticidas, adubos químicos e colocação de lixeiras de vária ordem com a consequente infiltração destes produtos em lençóis de água subterrâneos, a que se soma o aquecimento de águas, a largada ilegal de resíduos tóxicos (cerca de 3.000, segundo organizações ambientais).

Temos a perceção que muitos incêndios (se calhar a maioria) são provocados por mãos criminosas, de onde não é de excluir os inevitáveis interesses que lhe estão associados. Legislação forte e sem tibieza, do tipo dura lex, sed lex (a lei é dura, mas é lei) é absolutamente necessária. Essa gente que deita ou manda deitar fogo tem de ser tratada como se tivesse praticado um crime contra a humanidade.

O ambiente deve ser para cada um de nós tema de reflexão que urge sistematicamente aprofundar. É a família, a escola, as autarquias, os governos, as igrejas, as organizações governamentais, não-governamentais e ambientalistas que devem ser os motores fundamentais para que exista uma verdadeira educação ambiental.

Dir-me-ão que dito desta forma é ideologicamente bonito, existindo contudo o revés da medalha, a sociedade consumista, em que o mundo dos interesses, da economia, dos negócios, o mundo que vive em função dos cifrões, o mundo politicamente louco que pouco ou nada se rala com tudo isto, sendo importante perceber que também esta medalha tem duas faces, fazendo ambas parte dessa mesma moeda.

Urge, portanto, saber equilibrar, significando isto, conciliar o investimento e o ambiente. O investimento é deveras importante mas deve ser feito com ordem e inteligência para que não se assista à destruição e ao esvaziamento de vários ecossistemas, pois, se assim não for, mais nenhum político ou empresário poderá falar em desenvolvimento sustentável. Não nos interessa ter uma atitude negativa em relação ao investimento só pelo simples facto de sermos seres poluentes e ideologicamente combatermos as fábricas, caso contrário não passamos de simples teóricos que condenam tudo e todos e apenas vamos mantendo com a natureza uma relação puramente estética.

A sensibilização deve ser feita de forma equilibrada, ao mesmo tempo que a chamada educação ambiental nos deve obrigar a ter comportamentos que favoreçam a defesa do meio em que vivemos, sem nunca esquecermos que está nas nossas mãos poder, querer, ter vontade em reciclar.

Dizer ainda que as políticas, as economias, os interesses deste mundo em constante mutação, não podem nem devem deitar tudo a perder. Por favor, não destruam tudo aquilo que temos, pois se continuarmos a não cumprir os viáveis objetivos definidos pelo protocolo de Kioto (redução significativa das emissões de dióxido de carbono) ficando-nos, apenas e tão só, pelas palavras, intenções e pelos papéis, nessa estúpida perspetiva de aposta num hipotético progresso, progresso este que está a destruir a vida na terra.

Assim estamos a apressar o fim. O fim anunciado…O fim (mesmo) de tudo…

Por: Albino Bárbara

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