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Alternativas e Portagens

Tinha prometido a mim próprio não voltar a este assunto, nomeadamente pela infinidade de tarefas com que sempre me confronto.

Sucede é que a questão aí continua acesa e – sobretudo – muito mal posta. Quanto ao cartaz do PS Portagens não, Progresso sim, que se encontra na rotunda quando nos dirigimos para a estação c-f, tal qual o mesmo, em ponto pequeno, distribuído por militantes no sábado (6-X), trata-se de algo, digamos, inadmissível.

O cartaz em ponto pequeno foi-me, precisa e gentilmente, dado por um destacado militante do dito partido e o que segue, na sua quase essencial totalidade, foi-lhe dito por mim. Não faço menção de quem mo deu e a muita pressa impediu que a conversa se alongasse.

A cidadania o que é? – Olhar para o Estado como o dispensador de todos os bens, ou sentir que cada um de nós é co-responsável pela sua elevação e correcta marcha? Relembro o presidente americano John Kennedy (cito de memória): “Pensa no que deves fazer pelo Estado; não no que o Estado pode fazer por ti.”

Votar é um acto irresponsável, a memória é curta? Em regra, acredita-se na inocência dos políticos? Na sua seriedade?

Uma avantajada estatura política chamada António Guterres deixou a economia no estado que se sabe; e outra avantajada estatura política chamada Durão Barroso declarou que “o não pagamento de portagens vem reforçar esta meta [desencravar o interior].”

O leitor acredita nos políticos? Em quais?

O pequeno texto distribuído pelos militantes socialistas critica o actual Governo.

Como se o PS fosse um conjunto de pudicas virgens, forçadas a entrar para o serralho!!

Quantos anos esteve o PS no Governo?

Que desenvolvimento trouxe para a zona raiana, para a sua agricultura, v.g.? Ou o mesmo solo é produtivo da fronteira para lá, mas não o é da fronteira para cá? Não foram, v.g., os Drs. Soares e Gama quem assinou a adesão? Até o próprio Eng. Guterres, mais tarde, veio criticar a PAC (Política Agrícola Comum).

Sem alternativas à A-25 é duro pagar portagens. Mas, pelo menos agora (presumo), uma alternativa está a construir-se até depois de Pínzio. Que a levem até Vilar Formoso.

Sejamos absolutamente claros: que se reavivem os restaurantes de Pínzio, do Alto do Freixo ou da Praia Fluvial de Côa, que se dinamize o comércio e a actividade da EN-16 é, para mim, uma excelente noticia.

Por que não se encarniça o PS neste sentido?

Sabe o PS qual a percentagem de trânsito local nas A-23 e A-25? Sabe o PS que se há algo com que podemos regozijar-nos é com a qualidade do nosso ambiente? (Saber, uso-o como sinónimo de sentimento profundo). Quantas toneladas de poluição vamos nos aguentar se, designadamente os grandes transportadores, assim, preferirem este itinerário? Que sérios estudos foram feitos para estar agora a opinar? Que soluções arranja? Que o povão se sinta deliciado por poder acelerar à borla é o mesmo, digamos, que ter posto uma bandeira na janela da casa, quando do Euro-2004, ainda não a ter tirado do sítio, estar agora toda enxovalhada e etc., etc. e tal.

A Alemanha soube bem o que foi o amargo das chuvas ácidas, empenhou-se a fundo num combate ecológico e, hoje, o mais popular político alemão é o dirigente d’”Os Verdes”.

Foi, para mim, uma dor inexprimível ver hectares e hectares de árvores todas mortas, entre Ostersund (Suécia) e a fronteira norueguesa, consequência da catástrofe de Chernobyl.

Aos residentes deve dar-se, aqui, um raio de acção grátis nas A-23 e A-25, Covilhã, fronteira espanhola e Mangualde, v.g..

As portagens pagas pelos outros servirão para nós neutralizarmos as agressões ambientais.

O que disse ao destacado militante foi, em suma, isto: “Da parte do PS é demagogia e andar a dar tiros nos próprios pés, com tal atitude”.

Claro que as perguntas que arrolo se dirigem, bem entendido, também à Senhora Presidente da Câmara.

Guarda, 06 – X – 04

Por: J. A. Alves Ambrósio

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