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«Ainda estamos muito aquém do que se pretendia em termos de sócios»

Cara a Cara – Entrevista

P – Como correu, em termos desportivos, este ano de estreia do Guarda Futebol Clube?

R – Tendo em conta os resultados, podemos considerar que foi uma época positiva, pois o clube vem de uma situação algo conturbada e teve de iniciar a actividade desportiva de todos os escalões. Terminámos a época dos seniores no segundo lugar, num campeonato disputado até à última jornada. O início não foi assim tão forte nos escalões jovens, mas na fase final qualquer uma dessas equipas mostrou que tinha competência para obter resultados muito melhores, como aconteceu nestas últimas jornadas.

P – E do ponto de vista da colectividade em geral, que balanço faz?

R – Estamos a falar de um clube jovem, que tem quatro ou cinco anos e não prima por ter um grande número de associados. E essa é uma situação que temos de ver nos próximos tempos. Foi uma preocupação deste primeiro ano e vai continuar nos próximos dois anos. Quanto às pessoas envolvidas no projecto, toda a gente trabalhou com empenho e dedicação nos vários escalões, tanto os jogadores como a equipa técnica, que, todas as semanas, dedicou parte do seu tempo à melhoria das condições de vida dos atletas.

P – Ficou algum objectivo por concretizar?

R – Podemos dizer que sim. Foram definidos alguns objectivos logo que tomámos posse e os mais imediatos foram atingidos. Há outros, a médio e longo prazo, que ainda estamos longe de alcançar, designadamente o aumento do número de sócios e o trazer mais gente ao estádio. Para termos motivação e para que o nosso trabalho seja reconhecido é preciso que as pessoas nos dêem apoio no estádio e apareçam, pelo menos, ao domingo.

P – Uma eventual subida era desejável nesta altura ou poderia ser contraproducente para o clube?

R – Não seria contraproducente. No início, a subida não foi um objectivo prioritário, mas ao longo da época – apesar de não termos tido o melhor desempenho em determinados momentos –, a equipa sénior cresceu em termos de mentalidade, espírito ganhador e defesa dos valores que o clube pretende trazer aos associados. Por isso, tínhamos vontade de subir e se o Guarda FC chegasse à Iª Divisão Distrital assumiríamos a subida e iríamos trabalhar ainda mais do que até esse momento, porque as exigências são ainda maiores. Mas estamos dispostos a assumir esse desafio.

P – A política de não pagar nada aos jogadores é para manter?

R – É verdade que não há um salário ou uma relação contratual entre o clube e os treinadores, mas houve obrigações assumidas. Tivemos de fornecer equipamentos aos jogadores e dar-lhes as refeições ao domingo. No início da época ficou ainda definido que, não havendo um salário, haveria um prémio, que demos na altura do Natal. Nesta fase final ponderamos também entregar um prémio. Como os apoios também não abundam, tivemos de usar uma política de cautela, sem entrar em situações que não pudéssemos controlar, como o pagamento de salários. A próxima época deverá ser analisada noutra perspectiva, pois não queremos discriminar negativamente os nossos jogadores. Nesse sentido, queremos estabelecer regras que passam pela capacidade de arranjar receita e, depois, dar cumprimento a outras obrigações, como a motivação dos atletas com um prémio monetário que vai variar em função do número de vitórias obtidas durante a época.

P – Quais são, a partir de agora, as pretensões do Guarda FC?

R – Na próxima época poderá ser feito um trabalho ainda melhor. É essencial para um clube ter gente no seu seio. Queremos também dirigi-lo para outro tipo de actividades e para a vertente social. É determinante aumentar o número de sócios, porque é a partir desse momento que podemos definir um conjunto de objectivos, do ponto de vista futebolístico, que têm a adesão de vários interessados em seguir a vida da colectividade. Mas ainda estamos muito aquém daquilo que se pretendia. O nosso objectivo inicial era os 500 sócios e essa seria uma meta importantíssima para podermos ocupar o lugar que consideramos adequado para o Guarda FC. A cidade tem vários clubes, pelos quais se dividem os apaixonados do futebol, e para um clube jovem como este é difícil motivar as pessoas para optarem pelo nosso projecto em detrimento de outros.

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