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AECBP recusa portagens nas auto-estradas do interior

Associação empresarial apela à união regional para combater «qualquer espécie de concessão» na A23 e A25 para o bem da população e da região

A Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor (AECBP) apelou na última terça-feira, em conferência de imprensa, à união da região no combate às portagens nas auto-estradas A23 e A25. A tomada de posição surge na sequência da intenção do Governo instalar portagens nas SCUT e face a algumas declarações recentes dos autarcas locais, entre os quais Carlos Pinto e Manuel Frexes. Os presidentes das Câmaras da Covilhã e Fundão defenderam a colocação de portagens na A23 como forma de captar investimento.

Carlos Pinto chegou mesmo a criticar na última reunião camarária o modelo SCUT criado pelo Governo de António Guterres, considerando que esta concessão traz mais custos do que as restantes e que apenas agravam o orçamento do Instituto de Estradas de Portugal. «O IC6 em perfil de auto-estrada só não se faz porque o Estado não tem orçamento», acrescentou. Carlos Pinto reagiu assim após o vereador socialista Miguel Nascimento ter criticado a intenção do actual Governo em abolir as SCUT. Em resposta, Carlos Pinto notou que ainda «não sabemos se vai haver portagens, ou apenas selos para viaturas estrangeiras, se há excepção para o tráfego da região e das restantes regiões do interior em determinadas estradas». O edil acha mesmo que «não há motivo de preocupação» se as portagens vierem a ser uma realidade, pois «o PS tira-as assim que estiver no Governo», ironizou. Pouco dado a brincadeiras sobre esta matéria, Miguel Bernardo, vice-presidente da AECBP, defende que não se pode permitir portagens nas vias do interior e apela aos “lobbies” regionais para que «não cedam em nenhuma espécie de concessão de portagens».

Sem querer comentar as declarações dos autarcas, Miguel Bernardo exige apenas que o Estado encare os modelos SCUT como um investimento e não como despesas. «Olhar para este processo como uma despesa é um erro. Isto é um investimento. Se fosse uma despesa, então teríamos que reivindicar o que o Estado durante anos gastou no financiamento dos transportes públicos no litoral», caso dos portos, ferrovias, estradas, ou metros, referiu o empresário, considerando que o Estado deve olhar para a A23 e para a A25 como uma alternativa de ligação de Portugal à Europa. Para o vice-presidente da AECBP, o Estado deveria «negociar um prazo de isenção de portagens», por exemplo de 20 anos, para que o interior do país pudesse produzir riqueza e só findo esse prazo é que esse investimento deveria ser analisado pelo Governo. «O Estado tem que quantificar que, para além das portagens, deve aumentar a capacidade de gerar riqueza no interior e a capacidade de tributar aquilo que podem ser estas riquezas. E é nesse aumento da riqueza e da tributação que devemos entender o pagamento de infraestruturas como estas», defendeu. Miguel Bernardo critica ainda a possibilidade de se colocar portagens sem se concluírem no interior infraestruturas essenciais ao desenvolvimento do país, como o aeroporto da Covilhã, o IC6, a electrificação da Linha da Beira Baixa ou a construção dos túneis da Serra da Estrela. Na sua opinião, as associações e os políticos regionais devem dizer «não às portagens» para defender os interesses da população. «O tempo é de união e de coesão, temos que saber mostrar que estamos unidos para assumirmos um compromisso para as gerações futuras», apela.

Liliana Correia

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