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Administração do Hospital da Guarda dá razão a médicos

Clínicos discordavam do facto de não estarem representados no Centro de Recursos e Gestão do Conhecimento

Um grupo de 34 médicos do Hospital da Guarda ganhou esta semana uma “batalha” contra a administração da Unidade Local de Saúde (ULS). Em causa estava a criação do Centro de Recursos e Gestão do Conhecimento (CRGC) por não contemplar qualquer clínico na sua equipa. O presidente do Conselho de Administração (CA) já reconheceu que a escolha dos sete elementos foi feita com «alguma urgência», tendo sido proposta a sua alteração.

Na circular informativa nº 2, assinada por Fernando Girão e a que O INTERIOR teve acesso, pode ler-se que um dos objectivos da ULS da Guarda é o «desenvolvimento de actividades de investigação, formação e ensino, sendo a sua participação na formação de profissionais de saúde dependente da respectiva capacidade formativa». O documento, com a data de 7 de Janeiro, realçava ainda que a formação, «no quadro da reestruturação orgânica e funcional» da instituição, «deverá actuar como instrumento de desenvolvimento qualitativo e multidisciplinar das competências profissionais, nos domínios social, cultural, técnico, científico, tecnológico, gestão e realização pessoal». «Para dar resposta a este objectivo», a equipa aprovada pelo CA incluía dois enfermeiros graduados, uma enfermeira especialista, dois técnicos superiores principais, uma assistente administrativa especialista e ainda outro elemento para apoio administrativo. Estas escolhas geraram o descontentamento no corpo médico, tendo havido «mais de 10 médicos» que escreveram a Fernando Girão a manifestar «indisponibilidade para prestar qualquer tipo de colaboração na área da formação em virtude da constituição do Centro não integrar um elemento de apoio clínico», revelou um dos profissionais, que não quis ser identificado.

Entretanto, no dia 16, uma carta colectiva dirigida à directora clínica, Adelaide Campos, reforçava esta posição. «Vimos sugerir que na constituição do CRGC venham a ser incluídos dois médicos, respectivamente das áreas hospitalar e dos cuidados primários, e que um destes venha a desempenhar funções de coordenação, sugestão esta que se compreende como natural se nos detivermos no conjunto, variedade e importância dos objectivos publicamente enunciados», diz a missiva, subscrita por 34 médicos. Acrescenta ainda que, se a sugestão fosse aceite, «ficam abertas as portas para uma colaboração muito frutuosa da parte do corpo clínico com a estrutura criada». Confrontado com esta posição, Fernando Girão explicou, na última terça-feira, que «a formação dessa comissão foi feita na base de alguma urgência, no sentido de preparar a candidatura ao POPH (Programa Operacional do Potencial Humano)» e que também, «no que diz respeito ao Interreg, o prazo estava a acabar e tínhamos que a fazer».

O presidente do CA da ULS garante já ter sido proposta a alteração da Comissão. «Neste caso todos somos poucos para ajudar», considerou. Já a directora clínica salientou que «a não entrada de médicos nesta primeira fase terá sido apenas um lapso processual» decorrente da «necessidade urgente» de se constituir a equipa. «É evidente que os médicos têm que estar representados e isso não tem sequer discussão e penso que nunca teve», declarou Adelaide Campos.

Ricardo Cordeiro

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