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ACM da Beira Interior vende património

Venda do pavilhão gimnodesportivo e do espaço da Quinta da Várzea pretende travar a «difícil» situação financeira que a associação atravessa

A Associação Cristã da Mocidade (ACM) da Beira Interior, na Covilhã, vai pôr à venda parte do seu património para sanar algumas dívidas e contrariar a «difícil» situação financeira que atravessa. Pelo menos os espaços que «não estão a ser utilizados», explica Dias Rocha, presidente da Assembleia Geral de uma instituição com «bastantes dificuldades».

O pavilhão gimnodesportivo, ainda inacabado, e o espaço de 55 hectares do antigo edifício do Colégio de Educação Especial, na Quinta da Várzea, vão ser os primeiros à venda e, para já, os «únicos», garante aquele dirigente. Uma decisão dos órgãos sociais após terem sido «alterados os apoios estatais», que Dias Rocha espera «venham a ser retomados rapidamente» de forma a não prejudicar os jovens que são assistidos pela ACM, bem como os funcionários, que «devem ter tranquilidade». Os salários dos 60 funcionários em atraso desde Julho, devido à falta das receitas provenientes dos cursos de formação profissional, e o encerramento do Colégio, em Setembro, por falta de alunos, são os motivos que levaram a esta decisão para evitar o colapso da instituição vocacionada para o acompanhamento e tratamento de deficientes. «A nossa situação financeira é débil», disse Joaquim Gaspar, presidente da direcção, ao “Diário XXI”, devido a um passivo de 500 mil euros, embora confesse que economicamente estão «muito bem» já que mantém um activo imobilizado no valor de 12,5 milhões de euros. Os problemas financeiros agudizaram-se em Março de 2004, quando o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) deixou de enviar verbas destinadas à formação profissional, o que obrigou a ACM a suportar os custos com formadores, aluguer de salas e equipamentos.

«Tudo se complicou», confessa Joaquim Gaspar, lembrando que os estes projectos foram aprovados pelo IEFP no valor de 250 mil euros, mas a instituição só recebeu 60 mil. Até Dezembro de 2004, a ACM da Beira Interior suportou os custos, embora «não tenha pago as bolsas aos formandos que frequentaram os cinco cursos», admitiu o presidente. Entretanto, a associação reclamou junto do IEFP as verbas em falta, mas continua à espera de resposta para «poder pagar aos formandos», lamenta o responsável, considerando «inexplicável e abrupto» o corte. No entanto, Dias Rocha adianta que decorreram, no início desta semana, algumas reuniões entre a ACM e os vários organismos estatais: «Penso que tudo se irá resolver a curto prazo», anseia, dizendo-se preocupado com a sustentabilidade daquela casa. Embora a solução possa estar para breve, o dirigente revela que aqueles equipamentos continuarão à venda, porque não estão a ser utilizados e «com esse dinheiro podemos resolver alguns problemas da associação».

Bombas a funcionar

Segundo “O Interior” apurou, os problemas financeiros da ACM da Beira Interior já são antigos, pelo menos desde que os subsídios estatais para o funcionamento do Lar Residencial e do Centro de Apoio Ocupacional, que acolhem cerca de 40 deficientes, começaram a faltar. «Ao longo dos três anos de funcionamento, os custos têm sido suportados integralmente pela instituição», disse Joaquim Gaspar, que espera agora que a «total abertura» demonstrada pelo director do Centro Distrital de Segurança Social de Castelo Branco para subsidiar uma parte dos utilizadores daquelas valências seja uma realidade. O mesmo espera da Câmara da Covilhã, que propôs alugar numa primeira fase e adquirir depois o inacabado pavilhão gimnodesportivo, cuja construção foi iniciada em 1997, terminar as obras estimadas em mais de 400 mil euros e colocar a infraestrutura ao serviço das colectividades do concelho. De referir que a ACM da Beira Interior abarca a Comunidade Terapêutica de Montanha para Toxicodependentes, o Colégio de Educação Especial (que encerra em Setembro), o Centro de Emprego Protegido para Deficientes, Formação Profissional, um Centro de Apoio Ocupacional, destinado a deficientes profundos, e o Lar Residencial, onde vivem permanentemente deficientes adultos. Uma das poucas fontes de receita da ACM é o posto de abastecimento de combustível localizado no eixo TCT, entre a Covilhã e o Tortosendo, que esteve encerrado durante algumas semanas devido a um «diferendo em relação aos valores a pagar pela concessionária à ACM», mas agora já está a funcionar «em pleno», garante Joaquim Gaspar.”

Rita Lopes

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