Região

Operárias dos lanifícios da Serra da Estrela homenageadas

Vodratex
Escrito por Jornal O Interior

Homenagem pretende valorizar as conquistas conseguidas nos direitos dos trabalhadores, em especial das mulheres, mas quer também chamar a atenção para o que falta fazer

O Movimento Estrela Viva vai promover este sábado uma homenagem às operárias dos lanifícios da Serra da Estrela, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. A cerimónia decorre no Conservatório de Música de Seia, a partir das 17 horas.
O objetivo é destacar a perspetiva feminina na indústria tradicional dos lanifícios e também valorizar as conquistas conseguidas nos direitos dos trabalhadores, em especial das mulheres. Joana Viveiro, coordenadora do Movimento Estrela Viva, afirma que era «importante abordar o tema dos direitos conquistados em Abril e aqueles que ainda estão por conquistar, em particular os direitos das mulheres. E para além disso achávamos que era hora de dar visibilidade a estas mulheres invisíveis que ao longo destes anos, antes e depois do 25 de Abril, fizeram dos lanifícios, no fundo, a sua causa, e que defendem este ofício». A homenagem incluirá a projeção da curta-metragem documental “Trama”, de Luísa Neves Soares, sobre a perspetiva feminina na indústria dos lanifícios, e uma conversa acerca de “O lado feminino dos lanifícios – histórias de resiliência e de resistência”, moderada pela jornalista Sandra Rodrigues, com a participação de antigas operárias, sindicalistas do setor e também empreendedoras.
As conversas vão ter a presença de uma operária que representa os lanifícios da zona de Seia e outra de Gouveia, assim como duas empreendedoras, uma delas em início de carreira e outra já com alguma experiência no meio, Isabel Costa, CEO da Burel Factory, de Manteigas. Haverá ainda um momento musical pelo Grupo de Ex-operárias Vodratex: Geração em Ação, de São Martinho, que vão interpretar músicas antigas cantadas naquela fábrica que laborou na localidade de Vodra (Seia). Para Joana Viveiro, «o projeto destas senhoras surgiu numa iniciativa da Câmara de Seia, apoiada com fundos europeus, em que juntaram uma série de operários para contarem a história e reviverem aquilo que foram os lanifícios e, apesar do projeto ter acabado, algumas mulheres continuaram a juntar-se e viram que havia cantigas que cantavam na fábrica sobre a própria fábrica, sendo agora recriadas por elas».
A organização promotora salienta ainda que com esta homenagem quer «desfiar o novelo de histórias que estas mulheres têm para nos contar e que fazem parte da nossa memória coletiva, património imaterial que integra a matriz identitária de toda a nossa região. Queremos urdir o fio condutor que nos levará por novos caminhos até ao futuro deste nobre ofício».

 

Sofia Caramelo

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Jornal O Interior

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