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A selecção de Scolari

Sempre foi a “equipa de todos nós”. Agora é apenas a equipa de Scolari. As cores são as nossas, a selecção é dele – porque ele “é quem manda”, porque ele é que “é o chefe”! Diz que não tem nada a provar ao povo português. Eu pelo contrário, acho que ainda tem muito para provar.

É certo que, como diz, conseguiu a melhor classificação de sempre da nossa selecção. Mas também é certo que nunca outro seleccionador teve, como ele, uma equipa recheada de internacionais que disputavam os melhores campeonatos do mundo. Mas, também é certo que desbaratou uma final do Europeu com erros tácticos. Também é certo que teve a sorte de competir num grupo de apuramento para o Mundial extremamente acessível e mesmo assim obteve resultados comprometedores. Também é certo que as restantes selecções de quem ele “é o chefe” tiveram um comportamento desastroso, como é o caso da participação nos Jogos Olímpicos (onde nem o Iraque vencemos) ou, recentemente, o europeu de Sub-21 – em que desautorizou o treinador e desmoralizou os jogadores-chave com indefinições de última hora.

Negociou com Inglaterra que, era e é, adversário de Portugal, o que considero uma atitude hipócrita e inadmissível. E só depois de ter sido posto de lado, veio de novo chorar palavras de amor a Portugal, no mesmo dia em que tinha insultado jornalistas, afrontado a FPF e tinha clamado aos sete ventos que “não devia satisfações a ninguém”.

De um forma vergonhosa e sem decoro, Gilberto Madail, engoliu um sapo do tamanho de um elefante e ainda o veio elogiar publicamente. Uma vergonha para ele – mais uma, que se lixe – mas uma vergonha para o meu país, Portugal. Isto sim, deixa-me triste.

Scolari viu que em Inglaterra não tinha um Madaíl medroso como aqui, nem brincava como aqui brinca com toda a gente. Não tinha a liberdade de divertir-se de forma arrogante com a convocatória de uma selecção nacional, transformando-a num clube de amigos, mesmo que desempregados, lesionados, indisciplinados ou em fim de carreira. O que é em si mesmo, uma falta de respeito aos profissionais que semana a semana deram o seu máximo esforço e, que pelo seu empenho profissional, mereciam que o seleccionador visse os seus jogos e lhes desse uma oportunidade!

E teve ainda o arrojo, de num jornal brasileiro chamar “racistas” aos portugueses e agredir verbalmente algumas personalidades que discordaram das suas opções técnicas e da sua postura arrogante.

Realmente somos um país pobre de espírito, quando nos deixamos enxovalhar por gente assim e ainda o aclamamos como herói. E não estou contra um brasileiro, estou sim, contra um emproado fanfarrão – independentemente da sua nacionalidade.

Neste Mundial, vou colocar a bandeira na janela e gritar pela equipa que, outrora, já foi de “todos nós” e que agora é o clube privado de Scolari. É que aquelas cores ainda são as nossas e quero a imagem de Portugal honrada seja onde for. Mas temo que os resultados estarão aquém do desejado.

Por: João Morgado

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