Arquivo

A realidade aumentada e o Pokemon Go

Mitocôndrias e Quasares

É comum ouvir dizer que cada indivíduo analisa a realidade que o rodeia de acordo com os seus valores. Esta ideia, dando diferentes perspetivas à mesma realidade, levou à criação de uma área tecnológica, em franca expansão, que mistura mundos reais e mundos virtuais. Esta nova tecnologia recebeu o nome de Realidade Aumentada (“augmented reality”). É precisamente aqui que entra a segunda parte do título, uma vez que é com esta tecnologia que funciona o Pokoemon Go. Desde o momento que viu a luz do dia, o Pokemon Go tornou-se um fenómeno mundial, ao qual Portugal não ficou indiferente. Em território nacional temos assistido a uma miríade de argumentos a favor ou contra a utilização deste jogo. Deixando um pouco de lado todo o argumentário utilizado pelos dois lados da barricada, foquemos a nossa atenção nesta tecnologia – a Realidade Aumentada.

A Realidade Aumentada é uma tecnologia que combina elementos do mundo real com elementos virtuais em 3D, permitindo a interatividade entre objetos (reais e virtuais) em tempo real. Mais especificamente, consiste na sobreposição – realizada por meio de algum dispositivo tecnológico – de objetos virtuais tridimensionais (gerados por computador) num ambiente real. Tem origem num campo específico das ciências da computação que explora a integração do mundo real com elementos virtuais ou dados criados por computador.

A realidade aumentada combina um “software” específico, por exemplo o utilizado para desenvolver o jogo, com equipamentos, como câmara digital e GPS. Diversas áreas têm beneficiado com a possibilidade de sobrepor a realidade virtual com o nosso campo de visão destacando-se: o turismo, onde locais históricos têm adicionando características virtuais às imagens reais e o utilizador pode localizar monumentos históricos, moradas e outros locais, obter informação sobre as distâncias entre o mesmo e os objetos circundantes; reconstrução virtual de edifícios antigos; a ciência; os jogos virtuais e ainda a arte, por exemplo, quando o espólio de um museu não pode estar exposto na sua totalidade poder-se-á recorrer à criação de museus virtuais. Um destes casos é o Museu Guggenheim de Bilbao onde foi implementado, pela Siemens IT Solutions and Services, um sistema de realidade aumentada graças ao qual os visitantes recebem informações sobre o espaço cultural, as suas exposições e são guiados pelo museu, tendo acesso a informações especiais do edifício.

Esta tecnologia exige a existência de apenas três componentes básicos: objeto real com algum tipo de marca de referência, que possibilite a interpretação e criação do objeto virtual; câmara ou dispositivo capaz de captar e transmitir a imagem do objeto real; “software” capaz de interpretar o sinal transmitido pela câmara ou dispositivo. Nos últimos anos têm-se assistido ao aumento exponencial desta tecnologia para as mais diversas áreas, como sejam a medicina, a marinha mercante, a educação, a bioengenharia, a física ou a geologia. Vejamos alguns exemplos: prospeção em hidrologia, ecologia ou geologia, mostrando informações específicas ou mapas tridimensionais; dispositivos de navegação em diversas situações (carro ou aeronaves) através de visores dotados de realidade aumentada integrados ao capacete do usuário ou apoio a tarefas complexas em cirurgias.

A Realidade Aumentada não deixa de ser o resultado de um caminho tecnológico que, se não fosse por todos os avanços que se incorporam nos “smartphones” e “tablets” que utilizamos diariamente, este conceito dificilmente teria chegado aos níveis complexos a que chegou.

Por: António Costa

Sobre o autor

Leave a Reply