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À procura de soluções para os jovens em risco

Alice Vale, professora interlocutora da CPCJ

Para representar a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CPCJ) e servir de interlocutora em matéria de abandono e absentismo escolar, foi incumbida dessa missão, na nossa escola, no ano lectivo 2005/2006, a professora Alice Vale, com a função de sinalizadora dos casos verificados.

Um jovem em risco, segundo a CPCJ, é um jovem com carências de vária ordem e comportamentos desviantes, provindo habitualmente de famílias desestruturadas e de baixos rendimentos. Claro que, nas classes médias-altas, onde há estabilidade financeira e nível cultural elevado, também surgem jovens problemáticos que se metem em brigas, drogas, acabando por não ter regras nem limites impostos pelos pais. Normalmente, este tipo de jovens acabam envolvidos em crimes e têm tendência a juntar-se com outros jovens em risco, o que agrava a sua situação mas, graças à intervenção das professoras responsáveis por impedir o abandono escolar, muitos são ajudados e conseguem solucionar os seus problemas.

Para melhor desempenhar a sua função, Alice Vale conta com a participação dos directores de turma que lhe comunicam os casos de absentismo depois de terem enviado cartas e feito telefonemas aos seus encarregados de educação com o objectivo de os alertar e diagnosticar a causa do absentismo, assim como com o intuito de intervir preventivamente. Posteriormente, Alice Vale sinaliza e encaminha os alunos em absentismo e abandono, que tenham menos de 18 anos, para a CPCJR, cujos elementos se deslocam a casa dos alunos e se reúnem com as suas famílias, de modo a sensibilizá-las para a importância da educação dos seus filhos para que estes retornem à escola. Alguns voltam. Para aqueles a quem a escola não diz nada, cabe à professora interlocutora, juntamente com a professora tutora e a representante do Ministério da Educação na CPCJ da Guarda tentar arranjar-lhes alternativas tais como o IEFP, CERCIG, ADM Estrela. No caso de os jovens que estão dentro da escolaridade obrigatória não regressarem à escola é preenchido um formulário, que depois é enviado ao PETI (Plano de Erradicação do Trabalho Infantil). Em casos extremos, o jovem pode ser institucionalizado, o que ainda não se verificou na nossa escola.

Segundo a professora Alice Vale, este trabalho é bastante interessante, devido às experiências novas mas, por outro lado, é doloroso devido ao contacto que se tem com situações degradantes particularmente quando se toma consciência da realidade familiar de alguns jovens e da não-obtenção de resposta por parte das instituições. Também é frustrante ver que as escolas não têm recursos económicos para ajudar os seus alunos. Todavia, a alguns deles ainda é possível distribuir um suplemento alimentar a meio da manhã. Outros são ajudados pela Caritas, que lhes fornece comida e roupa e, no fim das aulas, os ensina e os ajuda a executar os trabalhos de casa.

Cristiana Isabel Sieiro Santos (9º E)

EXPRESSÃO, Março 07

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