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Tolerância = Perversidade

Correm uns tempos diferentes, diferentes de mais, já não só para os mais velhos mas também para os que chegam à época de constituir famílias. Tão diferentes que muitos casais põem em dúvida ter ou não ter filhos, tão receosos de um futuro para eles. Nas festividades da queima das fitas deste ano, das centenas de jovens que concluíram as suas licenciaturas reinava a desconfiança, senão mesmo a incerteza de conseguir um primeiro emprego. As reformas antecipadas de grande número de funcionários públicos, principalmente na área da educação, atingem números elevados, de tal forma as pessoas estão desiludidas que até sacrificam os valores das suas reformas, sujeitando-se a receber menos, pois psicologicamente se encontram afectadas. Demasiado rigor quando desnecessário, contra cedências e tolerâncias que em muitos aspectos provocam grandes desequilíbrios nas avaliações que se fazem – o que é certo para este não é correcto para aquele, não segundo as consciências, mas por norma para defesa de interesses. Deixou de haver um peso e uma medida certas para cada coisa ou teremos que atribuir isso tudo a abusos que uns praticam e que revoltam os que se atrevem a denunciar?

Cedências, tolerâncias = fraquezas, submissões, permissão de abusos. É assim que o povo interpreta. Se em algum serviço público aparece alguém com consciência, cumpridor dos seus deveres e os queira levar a cabo, cumprindo horários e protestando contra as ilegalidades que à descarada se fazem, é logo discriminado. Porque são protegidos pelos supervisores? Pois ao protegê-los também melhor podem infringir. Porque um funcionário larga o seu local de trabalho? Ou vai tomar a bica ou bicas ou vai às compras, ou vai buscar os meninos, ou recebe o telefonema e sai disparado, que já volta… não devem os horários ser cumpridos integralmente – já que há tanta flexibilidade! – e, responsavelmente permanecerem nos seus postos? E isto em lugares de maior destaque, pois além de transgredirem ainda dão maus exemplos.

Assim vai o país, de governo em governo, cada vez mais desacreditado. Rigor e Integridade são modas que têm de voltar. A nossa Juventude tem que ter os olhos postos nestes valores, é bom não esquecer!

Zelinda Rente, Freches (Trancoso)

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