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A maestria de Gonçalo Maia Caetano está a encantar o mundo da guitarra

Natural de Pinhel, o jovem guitarrista é aluno do Conservatório de Música de S. José da Guarda e um promissor instrumentista

Com apenas 17 anos, Gonçalo Maia Caetano não tem dúvidas sobre o que quer para o seu futuro: ser guitarrista. Na verdade, o gosto por este instrumento surgiu cedo. «Quando tinha quatro anos fiz os meus pais dar quase uma volta inteira a Portugal porque queria uma guitarra de plástico para tocar», recorda o jovem que reside em Pinhel.

Mas o que podia parecer um simples “capricho” de criança tornou-se num objetivo de vida. Embora na sua família ninguém se dedique à música, o promissor guitarrista adianta que os seus pais «sempre gostaram de música e, apesar de não saberem tocar nenhum instrumento, sempre me puseram a ouvir música boa». Mas o que é “música boa” para um jovem de 17 anos? Led Zeppelin, Jimmy Page, Deep Purple e Jimi Hendrix são algumas das referências de Gonçalo Caetano, que, embora tenha os seus ídolos, não coloca de lado a sua própria identidade: «Mantenho-me fiel ao que sou quando interpreto as músicas, mas, por vezes, também é necessário entrar na personagem para que a música tenha o impacto que é suposto ter», explica o instrumentista. Como todos os jovens, também Gonçalo tem os seus ídolos musicais. Nomes sonantes como Bach, Beethoven e Roland Dyens são os seus compositores favoritos, mas também John Williams, David Russell e Laura Young fazem parte do seu grupo de guitarristas de eleição.

E o seu lugar, será como guitarrista clássico ou moderno? Gonçalo começa por dizer que vai «querer explorar tudo o que puder», mas acredita que o seu espaço é na guitarra clássica: «Sinto que se puder ter um projeto para música moderna tenho, sem problema algum, mas penso que o meu espaço é na guitarra clássica», explica o jovem, acrescentando que «isso não implica que não venha a experimentar outros géneros ou usos de guitarra para que possa utilizar em peças que crie». Na sua opinião, «quanto mais expandir o conhecimento de todos os tipos de guitarra», mais possibilidades tem de conhecer «melhor como o instrumento funciona e aplicar assim no que quiser». Quando questionado sobre se há alguma coisa que o distingue de outros guitarristas da sua idade, Gonçalo Caetano reage com humildade destacando a sua técnica e interpretação musical, mas acrescenta logo que «todos temos as nossas caraterísticas fantásticas»: «Acho que a minha técnica é muito boa e também consigo interpretar bastante bem as músicas. Mas há outros guitarristas que têm outras caraterísticas, também muito boas, que eu posso não ter», reconhece o jovem.

A verdade é que, em apenas meio ano, o guitarrista já arrecadou três prémios internacionais. A sua sonoridade, conjugada com o seu subtil dedilhar, valeu-lhe o segundo lugar ex aequo no Concurso Internacional de Valência. «Foi uma experiência muito boa», recorda o jovem instrumentista, acrescentando que esta participação permitiu-lhe também uma melhoria do seu nível de preparação: «Eu preparei-me para este concurso como nunca antes. Agora posso dizer que já sei como me preparar para um concurso quando tiver que ir a outro», garante. Mas, por detrás de todo o mérito há, de facto, muito esforço e trabalho. No seu caso, Gonçalo Maia Caetano, que estuda na Guarda, pratica «muitas horas por dia» e habitualmente dedicava cinco horas para ensaiar: «Hoje, o trabalho que faço não o fazia antes. Tinha apenas o talento, mas sem trabalho não me adiantava ter esse dom», considera. De resto, o guitarrista confessa que quando começou a trabalhar “a sério” sentiu que «cresceu» enquanto guitarrista e que, neste momento, «está tudo a correr exatamente como eu quero».

Inseparável da guitarra

Gonçalo Caetano está no ensino articulado. Isto significa que às disciplinas que tem no Conservatório juntam-se mais quatro na escola que frequenta que é a Escola Afonso de Albuquerque, também na Guarda. Quanto ao seu dia a dia, o jovem pinhelense resume a sua vida a duas palavras: aulas e guitarra. «Tenho muitos tempos livres. Há muitos espaços entre as disciplinas e nessas horas aproveito para tocar guitarra. De resto, é mesmo só aulas», conta. Sempre com a guitarra às costas, Gonçalo afirma que não se importa de estudar – guitarra, claro: «Eu gosto muito de me divertir com o instrumento. Há pessoas que não gostam de estudar, mas eu não me importo. Aliás, posso tocar as horas que quiser que não me canso», confidencia. No futuro, o guitarrista pretende ir para a universidade e, acima de tudo, continuar a tocar. «Que quero fazer isto quero, não me importa se vou ser reconhecido ou não», sustenta, destacando o apoio e o esforço dos pais para que continue a lutar pelo seu sonho: «Eles apoiam-me mais do que qualquer pessoa e isso para mim é fundamental», declara. «Até ao 9º ano eu era aluno supletivo, só podia vir para o Conservatório quando acabava as aulas. Como sou de Pinhel, os meus pais faziam, todos os dias, cerca de 30 quilómetros e às vezes até ficavam na Guarda à espera que eu saísse», recorda, sublinhando que «são as pessoas a quem eu mais agradeço».

Também o professor Pedro Ospina, que acompanha o jovem há cerca de dez anos, é uma referência para Gonçalo Maia Caetano, que o considera mesmo uma inspiração: «Gostava do método de estudo. O primeiro ano que estive com o professor Pedro foi na Academia de Música de Pinhel e segui depois os estudos com ele no Conservatório. A maneira como me ensinou é a forma como eu aprendo e treino», refere o instrumentista. Há poucas semanas o jovem conquistou o segundo lugar no Grand Prize Virtuoso Internacional Music Competition de 2017 e foi selecionado para tocar no Wiener Saal Mozartem, em Salzburgo (Aústria), no próximo mês.

Jovem guitarrista de Pinhel conquistou três prémios internacionais em meio ano, dois segundos lugares no Concurso Internacional de Valência e no Grand Prize Virtuoso e um terceiro lugar no Concurso Internacional de Guimarães

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