Na sequência do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, no passado dia 25 de novembro, decorreram em vários locais, cidades, países, ações de sensibilização. Ações essas sobre a violência física e psicológica, mas também sobre situações que podem advir dessas ou conduzir a elas, como a igualdade (ou desigualdade) de géneros no âmbito social e profissional.
Fará sentido, em 2015, falar ainda, sim ainda, destas situações? Ainda existirão? Ainda acontecem situações absurdas como homens que estão (supostamente) por livre vontade com uma mulher, a agredir física e ou psicologicamente? Ainda acontecem situações de as mulheres permitirem que eles o façam para além da primeira vez? Ainda há seres humanos que desrespeitam outros ser humano que escolheram ter ao seu lado? Para quê tê-lo ao seu lado? Para quê estar ao seu lado? E porquê? Como é possível estas situações ainda acontecerem?
Mas sim, acontecem, e muito, demasiado. Só uma vez já seria demasiado, e é muito mais do que uma vez. É por isso, muito mais que demasiado. A sociedade está melhor? A vida evoluiu? O ser humano evoluiu? Os “antigos” princípios de que o homem mandava na mulher e esta teria que ser, sempre, sua subordinada diminuíram? Para todas estas questões a resposta é sim, sem dúvida. Mas a mulher ainda é, inexplicavelmente, vista por uma parte da sociedade como um ser que não pode (nem deve) ser equiparada ao homem, seja pelo salário que recebe a desempenhar uma mesma função, ou até pelo facto de nem sequer dever poder desempenhar essa mesma função. A mulher ainda não é totalmente vista como um ser independente, não lhe sendo conferida a verdadeira e justa credibilidade profissional, sem que para tal não seja necessário ter sempre um homem por trás.
Parte da sociedade ainda pensa que uma mulher ao ter um caro novo, não o pode ter adquirido com o seu próprio ordenado e esforço profissional, este teve que ser adquirido pelo homem. Uma mulher não pode ter a capacidade de ser empreendedora, ambiciosa profissionalmente, uma empresária por exemplo, sem colocarem todo esse mérito num suposto homem que lhe proporcionou isso, podendo eventualmente esse homem nem existir, mas como é mulher não é capaz de tal feito. Mas um homem é. Uma mulher sobe na carreira por favor, mas um homem é por mérito. Como é possível ainda existir este pensamento? Como são os olhos desta sociedade? Minoritária é verdade, contudo ainda existente. Há reconhecimento pelo valor pessoal, social e profissional da mulher? Sim, muito. Na totalidade? Não. Deixemos os géneros de lado e olhemos apenas para o ser humano, somos todos seres humanos, simplesmente isso.
Por: Joana Correia Saraiva
* Arquiteta