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«A horta comunitária surgiu para complementar e reforçar a intervenção social»

Cara a Cara – Albino Pais Santarém

P- Porquê criar uma “Horta Comunitária” no Teixoso?

R- A horta comunitária surgiu da necessidade de complementar e reforçar a intervenção social que vem sendo realizada pela Beira Serra na Urbanização das Nogueiras, no Teixoso. É um bairro exclusivamente de habitação social, localizado numa zona periférica do núcleo central da freguesia, isolado de outras construções, onde existia uma manifesta ausência de equipamentos coletivos, sendo ainda um espaço público desqualificado e pouco valorizado. Pelo trabalho de proximidade da Beira Serra com o bairro, considerou-se prioritária uma intervenção em várias frentes, isto é, que promovesse uma vivência social ativa e responsável, consciente da importância do trabalho coletivo, ao mesmo tempo que contribuísse para o incremento da economia dos agregados familiares e para a valorização da paisagem envolvente.

P- Depois de um ano, qual o balanço que faz desta aposta?

R- É um balanço francamente positivo do projeto e dos resultados alcançados. Do conjunto de 37 lotes existentes, 30 estão a ser cultivados. Foram feitos, até ao momento 24 acordos de utilização. Ao longo do ano foram realizadas três assembleias de utilizadores, onde foram definidas as regras de funcionamento e de utilização dos terrenos de cultivo, das ferramentas e alfaias, da partilha da água, assim como as responsabilidades de cada um. Para além dos números referidos, outros objetivos foram alcançados: a requalificação da paisagem urbana, a consciencialização para o trabalho coletivo, a valorização do projeto enquanto espaço de convívio, aprendizagem e de educação ambiental e o desenvolvimento de competências ao nível da gestão participada do projeto.

P- Quantas pessoas são beneficiadas? Quais são os resultados?

R- O projeto tem-se revelado uma mais-valia para a economia das famílias, beneficiando diretamente 44 pessoas correspondentes aos agregados familiares dos utilizadores.

P- É possível alargar o projeto?

R – Em termos de lotes de terreno, neste momento, não se revela viável, até porque ainda se encontram sete lotes por utilizar. No entanto, este é um projeto mais abrangente, intervindo noutras áreas, nomeadamente na requalificação do espaço de lazer envolvente, e na formação dos utilizadores no âmbito da transformação e conservação dos produtos da horta.

P- A Beira Serra tem previsto replicar o projeto em outros pontos do concelho?

R- Esta associação acredita que o projeto da Horta Comunitária pode ser replicado noutros pontos da sua área de intervenção, nos concelhos de Belmonte, Covilhã e Fundão, desde que se reúnam os parceiros e as condições de apoio necessários à sua implementação. Neste momento, a Beira Serra está a procurar junto dos parceiros no projeto do Bairro das Nogueiras o apoio para que o mesmo possa ser implementado no Bairro Social Municipal da Alâmpada, na freguesia da Boidobra. Procura-se assim, também, dar corpo ao desafio lançado pelo presidente da Câmara da Covilhã e Junta de Freguesia da Boidobra para se juntar à parceria com a Beira Serra.

Perfil

Idade: 63 anos

Naturalidade: Verdelhos (Covilhã)

Profissão: Professor aposentado

Currículo: Exerceu a atividade docente (professor de E. Tecnológica), foi presidente do Conselho Diretivo da Escola Secundária Quinta das Palmeiras – Covilhã, pertenceu às duas primeiras direções do Centro Social e Cultural de Verdelhos, foi presidente da Assembleia Geral da Mutualista Covilhanense e integrou a direção da Associação Humanitária dos Dadores de Sangue da Covilhã

Livro preferido: Vários, nomeadamente “Crime e Castigo” (Dostoievski), “A Casa Grande de Romarigães” (Aquilino Ribeiro) e “O Processo” (Kafka)

Filme preferido: Vários, entre os quais “Fanny e Alexander” (Ingmar Bergman), “O Charme discreto da Burguesia” (Luis Buñuel) e “Blow-Up” (Michangelo Antonioni)

Hobbies: Leitura; ocupação em pequenos trabalhos agrícolas.

Albino Pais Santarém

Sobre o autor

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