Arquivo

«A Guarda tem futuro, senhor presidente?»

Os jovens partilharam as suas ideias e preocupações sobre a Guarda na primeira Assembleia Municipal Jovem. Na sua opinião, a cidade não está condenada, mas o seu futuro poderá não fazer-se com eles

Os jovens tiveram a palavra nas comemorações dos 40 anos do 25 de abril, na Guarda, na passada sexta-feira. Numa Assembleia Municipal especial, os alunos do 10º, 11º e 12º anos das Secundárias da Sé e Afonso de Albuquerque partilharam as suas ideias sobre a cidade e as preocupações quanto ao futuro. Na sua opinião, a cidade não está condenada, mas o seu futuro poderá não fazer-se com eles.

Da plataforma logística «sub-aproveitada» à falta de investimentos e de oportunidades, os oradores pediram uma incubadora de empresas e mais apoio para que os jovens possam desenvolver as suas ideias e projetos. O futuro do Hotel Turismo e do antigo Cine Teatro, bem como o estado de abandono a que está votado o parque municipal foram outras preocupações dos intervenientes, que também pediram uma programação «mais virada» para a juventude no TMG e desafiaram o município a ouvi-los mais vezes. Para Maria Roque, do 11º ano da Secundária da Sé, a Guarda precisa «de mentes empreendedoras, de investimento e de ideias novas. O frio pode-se tornar um ponto a favor da Guarda, assim como a relação com Espanha», disse, sublinhando que os jovens devem ser ouvidos sobre a sua cidade. «Temos espírito crítico e de iniciativa, portanto ouvir o que temos a dizer torna-se fundamental», declarou. Já Sónia Ascensão, residente no Rochoso, mostrou-se preocupada com o desemprego e a falta de oportunidades e recomendou à autarquia que aproveite as instalações de empresas que fecharam nos últimos anos – «como a Delphi», exemplificou – para apoiar novos investimentos e projetos.

«Porque não nos deixam ficar neste país», interrogou a jovem, um sentimento partilhado por Ana Santos, que perguntou ao presidente da Câmara o que está a fazer para «travar a razia populacional da Guarda» e combater o desemprego: «É preciso dar oportunidades para as novas gerações poderem trabalhar na sua cidade sem terem que emigrar», alertou. Frederico Quinaz, da Afonso de Albuquerque, é da mesma opinião: «Não temos qualquer perspetiva de ficar na Guarda porque não há emprego», afirmou primeiro e questionou depois: «A Guarda tem futuro, senhor presidente?». Leandra Morgado sugeriu a instalação de uma escola de artes no antigo Cine Teatro e queixou-se do abandono do parque municipal, enquanto Daniel Almeida, do Outeiro de São Miguel, subiu à tribuna para recordar ao executivo que «os jovens também são munícipes». O jovem quis ainda saber o que a Câmara quer fazer com o Hotel Turismo. José Rodrigues, presidente da Associação de Estudantes da Afonso de Albuquerque, queixou-se das obras «deficientes» na sua escola e desafiou a autarquia a «ajudar na luta» da direção e da Associação de Pais.

Criação de emprego, a «maior» preocupação da Câmara

No final a O INTERIOR, o jovem afirmou que é importante a Câmara ouvir o que os jovens têm a dizer e até se propôs elevar a auto estima das novas gerações pela sua cidade. «Enquanto líderes da associação de estudantes, temos que passar a ideia que a Guarda é um bom sítio para estar, fazermos a nossa vida e passarmos isso para os mais novos de forma a desenvolver um sentido de orgulho pela Guarda que até agora não houve. Além disso, não podemos esperar que nos deem tudo, temos que fazer alguma coisa por nós e que isso seja também útil para a sociedade», referiu José Rodrigues. Chegada a vez de Álvaro Amaro, o presidente anunciou que vai avançar com o orçamento participativo em 2015, afetando 10 mil euros para a iniciativa/obra mais votada pelos jovens, e prometeu repetir a Assembleia Municipal Jovem. Numa intervenção didática sobre a democracia, o edil defendeu que o voto devia passar a ser obrigatório, ficando «vazias as cadeiras correspondentes aos brancos e nulos porque a democracia funciona na mesma».

O autarca revelou ainda que nove empresários manifestaram interesse em instalar-se na PLIE desde que o município anunciou preços mais baixos do metro quadrado. «Vamos ter também um ninho de empresas porque a nossa preocupação maior é a criação de emprego», afirmou. O presidente adiantou igualmente que as «coisas feias» na Praça Velha e noutros pontos da cidade vão ser tapadas e reiterou que vai resolver o caso do Hotel Turismo. «Se não o fizer, considero-me um mau presidente de Câmara», disse. Quanto ao Cine Teatro, foi taxativo: «Prometo tratar daquilo se o dono quiser doar o edifício, caso contrário não vamos pagar uma pipa de massa porque não temos essa possibilidade», assumiu. A sessão terminou com o hino cantado por todos. Veja a reportagem em ointerior.tv

Luis Martins Alunas do Liceu entregaram ao executivo uma bandeira da cidade com lemas para o seu desenvolvimento

Sobre o autor

Leave a Reply