Apesar de ser um dos distritos com menor expressão nos campeonatos nacionais de futebol, a Guarda vai estar representada por quatro atletas na SuperLiga da próxima época, cuja primeira jornada se realiza este fim-de-semana. Cícero, Daniel Candeias, João Pedro e Pimenta nasceram todos no distrito e são os protagonistas de um feito inédito na região, pelo menos nos últimos anos.
Campeão da Europa de sub-17, aos 24 anos, João Pedro Cunha prepara-se para se estrear no principal campeonato de futebol ao serviço da Naval 1º de Maio e logo frente ao FC Porto. Nascido na Guarda, o jovem extremo, que viveu até aos 14 anos na Reigada, freguesia de Figueira de Castelo Rodrigo, iniciou-se no futebol no Ginásio Figueirense, onde despertou a atenção do Sporting de Braga, tendo ingressado nos juvenis. Após ter completado a sua formação na equipa minhota, onde alinhou pela equipa B, foi sucessivamente emprestado a Penafiel, Beira-Mar e União de Leiria, sempre na Liga de Honra. João Pedro foi contratado pela Oliveirense na última época e acabou por ser um dos principais obreiros da excelente campanha do clube, que lutou pela subida à SuperLiga até à última jornada. A prestação valeu-lhe a transferência para a Naval, clube onde encontrou João Real, defesa central natural da Covilhã.
O jogador refere que a pré-época correu-lhe bem e «dentro das expectativas» que tinha quando assinou pelo clube da Figueira da Foz. Contra o Porto, equipa que já defrontou na última época para a Taça de Portugal, o jovem atleta antevê um jogo «difícil», mas garante que a sua equipa vai «fazer tudo para conquistar os três pontos». Confessa que espera iniciar a época «a titular», até porque tem merecido a preferência do treinador, que o tem utilizado mais na direita do meio-campo. Agora que chegou ao topo do futebol nacional, João Pedro acredita que se vai impor, assegurando que trabalha «diariamente para evoluir» e poder mostrar o seu valor para «ficar nesta divisão muitos anos». Quanto ao facto do distrito da Guarda estar representado por jogadores na SuperLiga, o jovem mostra-se satisfeito: «É com agrado. É sempre bom ver gente da nossa zona chegar a este nível. É pena que não sejam mais, mas já é bom sermos quatro», sublinha.
Ficar por muitos anos
Natural de Seia, Cícero também jogou na Oliveirense na última temporada e os oito golos marcados motivaram o convite do Rio Ave para regressar à Liga principal do futebol português. Antes, alinhou pelo Sporting de Braga, onde jogou nas camadas jovens, e Vitória de Guimarães. Pelo meio conta ainda uma passagem pelos russos do Dínamo de Moscovo. De regresso ao Norte do país, o possante ponta-de-lança de 24 anos adianta que se sente «bem» na sua nova equipa, já que os novos companheiros o apoiaram «muito», realçando que participou nos jogos todos e fez golos. Como concorrente directo na luta por um lugar no onze, Cícero vai ter a concorrência do experiente João Tomás, mas essa situação é encarada como «benéfica», uma vez que «a sua experiência ajuda qualquer avançado mais jovem». Assim, espera jogar e, quanto a ser titular, deixa essa opção ao treinador, prometendo empenho para se manter na SuperLiga «por muitos anos».
E tal como o seu ex-companheiro em Braga, também ele vê com bons olhos o número de atletas do distrito a evoluir na prova: «É bom para o distrito que tenha vários jogadores a actuar na Iª Divisão e espero que no futuro possa haver ainda mais», afirma. Natural de Fornos de Algodres, Daniel Candeias começou a jogar na Desportiva local antes de se transferir para o FC Porto, que o emprestou esta época ao Portimonense. Foi nessa condição que o avançado de 22 anos já representou Varzim, Huelva (Espanha), Rio Ave e Paços de Ferreira, os dois últimos na SuperLiga, onde também chegou a jogar pelos portistas. Quanto a João Pimenta é natural de Vila Nova de Foz Côa, passou pelas camadas jovens do Sporting, até ingressar no Sporting da Covilhã, que representou por quatro épocas. Aos 25 anos, procura agora afirmar-se no Vitória de Setúbal, após ter jogado na Naval e no Portimonense. Há ainda o caso de Rui Miguel, actualmente no Vitória de Guimarães, natural de Viseu, mas com ligações familiares ao concelho de Seia. Também oriundo da região, o covilhanense Nuno Coelho vai cumprir a segunda época na Académica.
Ricardo Cordeiro