O embuste que transformou e aprisionou a governação, tolhendo-lhe a clarividência, impedindo-lhe o rasgo, dilacerando-lhe a imaginação, é o défice. Estou longe de conhecer todos os dados da economia, muito longe de entender as equações e as premissas do raciocínio financeiro, mas entendo isto: se sair de casa e não pagar a ninguém, se não fizer obras, se não mudar de carro dez anos, se não der estudos aos filhos, se não os levar ao médico, se comer sempre do mais barato, arranjo poupanças, fico com contas cheias, numa casa velha, sem amigos entre os credores, num carro arruinado, com uma família doente, sem nenhum futuro aparente. O PS não fez nenhum aeroporto, não lançou nenhum TGV, não construiu qualquer Hospital, não criou nenhuma Expo, não rejuvenesceu Lisboa ou o Porto. O governo PS aumentou os impostos, cobrou o que até agora parecia impensável, faz pagar internamentos, faz pagar as escolas, retirou benefícios a milhões de cidadãos, cobra as estradas, cobra a gasolina caríssima, paga mal e só a quem paga. O governo PS não traz os fornecedores com as contas em dia, não paga aqueles a quem compra serviços, não paga as mercadorias que adquire, mantém os salários em baixo, ataca as PME com Entidades Reguladoras que obrigam a gastos discutíveis, obriga a padrões europeus restaurantes e bares, lança a ASAE sobre tudo e todos, obriga a investimentos cegos, cobra facturações e não embolsos, termina com alvarás, termina com licenciamentos. Enfim, Portugal mexe e Portugal precisava mudar, mas este caminho tem uma farsa cada vez mais clara: a dívida pública é quanto aos fornecedores e aos funcionários? O Défice é quanto de manutenções adiadas, de obras obrigatórias, de opções atrasadas? E quanto está por pagar? E se não se pagou, se não se fez obra, se não se aumentou os salários, se se despediu gente onde está o dinheiro cobrado como nunca antes? E a oposição canta este mesmo coro de letras socialistas sem que nada fique claro. Ontem atestei o carro em Tuy por menos 0,20 euros o litro (são 40 escudos) a uma funcionária que ganhava mais que as secretárias do meu serviço, trabalhadoras do CHC há 16 anos.
Por: Diogo Cabrita