Arquivo

A crise por um fio

Delphi Guarda com produção assegurada até 2006. Câmara pondera reivindicar investimento alternativo junto do Governo

Os problemas do maior fabricante de cablagens do mundo explicam-se com a crise do sector automóvel. O alerta soou há 15 dias nos Estados Unidos após o próprio presidente da Delphi, Steve Miller, ter admitido o cenário da falência. O anúncio marcou a apresentação dos resultados do grupo no primeiro semestre de 2005, que se cifraram em 274,5 milhões de euros de perdas, contra quase 140 milhões de lucros em igual período do ano passado. Tais resultados terão reforçado a necessidade de continuar com o plano de reestruturação da multinacional, que prevê uma redução de 8.500 empregados até final do ano. Em Portugal, as fábricas de Braga, Linhó, Seixal, Ponte de Sor, Guarda e Castelo Branco não vão escapar.

A Delphi já teve melhores dias na Guarda, chegando a empregar perto de 2.300 funcionários. Mas no ano passado, o fim de encomendas importantes puseram em causa várias centenas de postos de trabalho. Tudo porque projectos de cablagens que envolviam mais de quinhentos trabalhadores chegaram ao fim ou foram ganhos pela concorrência. Assim aconteceu com o contrato para cablagem integral e exclusiva do Renault Twingo, um modelo que deixou de ser fabricado. Já o projecto para o Peugeot 206, que envolvia cablagens diversas para as versões carro e carrinha, foi perdido para a Yazaki, concorrente directo da Delphi. Em contrapartida, a empresa guardense ganhou em 2004 uma encomenda da prestigiosa Ferrari, contudo, este trabalho não envolverá mais de duas dezenas de funcionários. De acordo com a edição da última sexta-feira do “Diário Económico”, o grupo dispensou dois mil trabalhadores em ano e meio na totalidade das seis fábricas em Portugal. «Até 2003 conseguimos manter a actividade, quando toda a indústria automóvel já dava sinais de fraqueza, mas a partir de 2004 houve um decréscimo acentuado e fomos obrigados a fazer ajustamentos no Linhó, na Guarda e em Castelo Branco», disse Manuel Pacheco, director de recursos humanos da Delphi, àquele jornal.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply