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A campanha vai começar…

Editorial

1. Pese embora até junho ainda haja muito tempo para definição de candidaturas às eleições autárquicas, já se sabem os nomes dos principais candidatos.

A grande surpresa, na região, é o “regresso” de Carlos Pinto como candidato a presidente da Câmara da Covilhã. O antigo dirigente e autarca eleito pelo PSD aposta na sua popularidade e deverá liderar uma lista independente com outras personalidades conhecidas da cidade para tentar recuperar a autarquia que tinha liderado até 2013. Curiosamente, a candidatura de Carlos Pinto era há muito falada na praça pública e o seu anúncio, ainda que com alguma dose de surpresa, confirma a popularidade do ex-presidente da Câmara e irá dividir, ainda mais, a direita covilhanense. Com o PSD à deriva e acossado pela popularidade de Pinto, também a candidatura centrista de Mesquita Nunes poderá perder alguns apoiantes. Perante as divisões à direita, é Vítor Pereira quem chega a esta fase mais aliviado e com melhores perspetivas de repetir a vitória de há quatro anos.

2. Na Guarda, o Partido Socialista «já bateu no fundo e agora será sempre a subir» disse Eduardo Brito, que se apresentou como o candidato que quer agregar os socialistas e juntar os que não se revêm na forma de Álvaro Amaro fazer política. Com longa experiência politica e autárquica, Brito já mostrou a sua “cartilha”: pragmatismo e apostar na economia, na criação de emprego e na atração de empresas. O candidato do PS sabe que este é o calcanhar de Aquiles dos quatro anos de gestão do PSD, em que o concelho da Guarda perdeu cerca de duas mil pessoas por falta de emprego. Brito recupera ainda outra bandeira da região: a “guerra” às portagens, cujo custo considera um dos problemas mais graves para quem vive no interior. E promete para breve um programa ambicioso para o concelho, enquanto recorda que a única promessa de Amaro em 2013 – a reabertura do Hotel de Turismo – não foi cumprida (sendo certo que Amaro deverá apresentar mais uma solução para a reabertura da unidade hoteleira durante a FIT, mas, como é óbvio, não podemos esquecer o “arrastar os pés” durante quatro anos em que, afinal, nada aconteceu depois de em 2013 o então candidato Amaro ter assegurado que seria resolvido com brevidade).

Eduardo Brito terá um grande caminho a percorrer até conseguir afirmar a sua candidatura e conquistar alguma popularidade. Com um partido fracionado e sem poder, localmente, com muitos antigos apoiantes deslumbrados com o “novo-riquismo” exibido pelo executivo de Álvaro Amaro e com poucos quadros disponíveis no PS, o candidato terá de apostar nos jovens e independentes que se vão distanciando de Amaro para recuperar eleitorado. Tarefa difícil, que outros socialistas não quiseram assumir, mas que para a qual o antigo presidente da Câmara de Seia parece talhado.

3. Começam as inaugurações da “grandiosa obra” de Amaro. Até ao verão vai haver muito para inaugurar, sem nada ser inaugurado… porque, na verdade, só o lançamento da primeira pedra do quartel de Bombeiros de Famalicão pelo primeiro-ministro António Costa é verdadeiramente uma obra relevante e importante para a comunidade. As inaugurações dos arranjos de ruas ao Jardim José de Lemos são intervenções eleitoralistas, necessárias na melhoria da vida da urbe, elevadas pela imensa máquina de propaganda da Câmara a obras importantes, mas que na verdade não são mais do que isso: obras de qualificação urbana – terão um imenso aplauso popular, mas não contribuirão para uma cidade mais sustentável, nem são uma forma «grandiosa» de construir o futuro da cidade.

Luis Baptista-Martins

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