“Todo o mundo é composto de mudança” é, na minha opinião, um dos versos mais memoráveis de Camões. Assim como todos os seus poemas se adaptam ao nosso quotidiano, também este verso faz parte dele.
O tempo passa nas nossas vidas como uma brisa, que quase nem se sente na nossa face. Apenas percebemos que ela passou porque nos provocou um leve arrepio. E basta esta brisa para mudar tudo em nós e tudo o que nos envolve… Por todas estas brisas que compõem as nossas vidas , vou falar de uma brisa em especial, a brisa dos amigos.
Afinal os amigos mudam de ano para ano, há amigos e amigos, mas eu vou escrever para todos aqueles amigos que são a brisa das brisas, aqueles amigos que têm a capacidade de mudar o nosso mundo apenas com um sorriso, com uma palavra ou até mesmo com um silêncio.
Por isso pergunto-me: como é possível saber qual é o amigo que provoca a mudança no nosso mundo? Que é a brisa das brisas? Por muito triste que pareça, só o sabemos quando o perdemos… Pois só quando ele já não está connosco é que vemos tudo o que ele fez em nós, em tudo o que ele construiu no nosso mundo, pois como ele era o alicerce dessas construções quando partiu fez com que tudo se desmoronasse…
E o que fica desse desmoronamento são pedaços de recordações… Aquelas recordações que julgávamos estarem esquecidas mas que surgem dos destroços…
Lembramos as conversas, as discussões, as tristezas e alegrias, as brincadeiras, as loucuras, as gargalhadas, os momentos que por mais que tentemos com outro amigo é impossível fazê-lo, sabem porquê? Porque não tem a capacidade de nos completar como o outro, porque não tem a capacidade de mudar o nosso mundo com um simples aperto de mão…
Porque o amigo dos amigos é aquele que merece o melhor lugar em nós, que merece que nos lembremos dele mesmo que tudo tenha sido destruído, porque é ele que consegue ser a nossa luzinha no caminho mais escuro das nossas vidas. É essa pessoa que nos acompanha mesmo depois de ter partido, pois precisamos dela porque só ela consegue “arrepiar-nos” de forma a provocar mudança.
Então se essa brisa é aquela de que tanto precisamos porque é que havemos de a deixar partir? Porque devemos trocá-la por outra? Porque deixamos de permitir que nos mude?
É verdade. “O Mundo é composto de mudança” mas eu penso que a melhor mudança é a que é provocada pela brisa das brisas, mais do que pela mudança de brisas… E para vocês? Qual é a melhor mudança?
Ana Eiras (11.º C)
