P – Que balanço se pode fazer de 18 anos de “Tribuna Desportiva”?
R – São 18 anos positivos, naturalmente com as dificuldades inerentes a um jornal desportivo no interior do país, mas vamos sobrevivendo e isto é uma luta diária porque cada edição é feita sem que haja a certeza de que outra saia. Mas a grande verdade é que estamos quase com mil edições, que são o fruto do trabalho, da dedicação e alguns apoios que vão aparecendo, independentemente de, em termos desportivos, estarmos num dos piores distritos do país. Por isso é que digo muitas vezes que em 1994, quando pensámos neste projeto, fomos um pouco loucos, mas felizmente as coisas vão durando. Penso que também fazemos de tudo um pouco em termos de cobertura, temos alguma elasticidade e conseguimos semanalmente ter notícias do Colmeal da Torre a Vila de Rei. Sem querer tocar em nenhum órgão de comunicação social, considero que o único jornal que é verdadeiramente do distrito em termos de equilíbrio é a “Tribuna Desportiva”.
P – Já disse que não é fácil fazer um jornal desportivo todas as semanas nesta região. Quais as principais dificuldades com que se debatem?
R – As dificuldades financeiras são o “pão nosso de cada dia”, um problema que não é só nosso, mas penso que temos vendido. No entanto, ultimamente acontece que, por exemplo, temos algumas semanas em que a parte norte do distrito não tem um jogo de futebol. Ora, um jornal desportivo não ter matéria para poder trabalhar é complicado, embora sendo certo que se quisermos temos sempre muitas notícias com formação e outras modalidades, como o andebol, atletismo, basquetebol, entre outras.
P – O facto de haver cada vez menos clubes do distrito de Castelo Branco a competir é outro obstáculo?
R – É e penso que há aí alguma culpa da Associação de Futebol de Castelo Branco, que nos últimos anos não tem sabido lidar com a crise de dirigentes. O Escalos deixou a competição este ano e não foi por dinheiro, que o clube tem no banco, mas pela falta de gente para poder trabalhar na coletividade. Penso que nalgumas situações, a Associação de Futebol teria que ter uma ligação mais forte com os clubes. Em relação ao que se passa na Guarda, nesta altura toda a formação não paga qualquer tipo de inscrição, enquanto que em Castelo Branco só não se paga nos infantis e iniciados. O novo presidente foi empossado na semana passada e era bom que olhasse de uma forma diferente para o futebol, que é 60 a 70 por cento da atividade da “Tribuna Desportiva”.
P – Há novos projetos para o futuro?
R – Há. Estamos nesta altura, e com todos os cuidados, a querer ocupar um espaço que a Guarda não tem, sendo certo que a cidade tem três bons jornais que dedicam duas ou três páginas ao desporto como qualquer órgão também do distrito de Castelo Branco. Mas face à quantidade e à competição que existe na Guarda, se calhar a “Tribuna” vai preencher um vazio que os outros jornais não preenchem porque a sua vocação não é essa. Vamos fazer uma experiência, vamos cobrir os jogos mais importantes das duas últimas jornadas do Distrital e depois de conversarmos com agentes desportivos e Câmaras Municipais até agosto, em setembro faremos uma avaliação, até porque também vai representar mais encargos. A ideia é ter uma primeira página diferente com os conteúdos iguais. Nesta altura já fizemos a apresentação, pelo menos, a todas as coletividades inscritas na Associação de Futebol e também já apresentámos o jornal às autarquias, algumas das quais têm dado um “feed-back” positivo.
P – A ideia é passarem a acompanhar todos os jogos da Iª Divisão Distrital da Guarda?
R – Não. A ideia é partir estes dois distritos ao meio. Sabemos que os custos de impressão são elevados e queremos gerir os acontecimentos mais importantes dos dois distritos. Poderemos fazer, por exemplo, quatro jogos da Guarda e três de Castelo Branco numa gestão cuidada e depois um jogo dos distritais de juniores, juvenis e iniciados de cada distrito, isto criando alguma rotatividade para que não haja esquecimentos. Mas em fases importantes teremos de nos esquecer dos últimos e naturalmente ligar a quem está no centro de decisão. Queremos também acompanhar outras modalidades. Já temos um colaborador em carteira e poderemos eventualmente arranjar mais um ou outro. Nesta fase, como o Distrital de Castelo Branco já acabou, e ainda vai haver duas jornadas decisivas na Guarda, serei eu próprio a fazer jogos e depois, mais tarde, então utilizaremos os colaboradores. É uma aposta e penso que a Beira Interior precisa de um jornal desportivo, até porque a Guarda tem talvez, em termos de conteúdos, mais força que Castelo Branco porque tem mais praticantes.