A publicação do ranking das 50 maiores empresas dos distritos da Guarda e Castelo Branco constitui um retrato revelador e fidedigno do dinamismo empresarial e industrial da nossa região.
A análise dos valores de faturação e do número de empregados, especialmente quando comparada com a de anos anteriores, a variação de entradas e saídas na lista de umas empresas e a consolidação da posição de outras, os setores de atividade representados, tudo isto nos dá não apenas o pulso da vitalidade do nosso tecido empresarial mas também nos ajuda a definir o perfil de desenvolvimento da nossa região em parâmetros mais abrangentes. Em suma, fornece indicadores relevantes e informação muito útil que todos os agentes políticos e económicos da região, e não só, devem conhecer.
Mas este ranking é também um motivador cartão-de-visita para quem pondera aqui investir. Ao desafio da interioridade, as empresas da região provam, ano após ano, que é possível vencê-lo com perseverança, garra, competência e visão. Sem desprimor para as outras 48, permito-me destacar duas destas empresas, que ilustram bem a determinação de que falo. A primeira é a Coficab, um exemplo notável de uma empresa que se impôs também a partir da Guarda num setor altamente tecnológico, em constante inovação e investigação e, bastante competitivo, com uma sólida estratégia de internacionalização. A segunda é a Matibom, não só porque é um ilustre representante da minha terra natal (Pinhel), mas também porque prova que é possível ter uma posição de relevo em setores de base tradicional, como a pecuária.
Em todo o caso, todas as empresas, estejam neste ranking ou não, são merecedoras do nosso tributo. Porque são as empresas (empresários, trabalhadores, investidores) que geram riqueza e criam emprego. É na sua capacidade resiliente e empreendedora que se baseia muita da recuperação económica dos últimos anos, depois de o país ter estado à beira da bancarrota.
É esta noção de que o crescimento da economia se faz no terreno, com o trabalho das empresas – e não por decreto ou folhas de Excel – que receio que se venha a perder neste novo e irregular ciclo político. Porque há realmente sombras que pairam no horizonte.
O modelo económico defendido pelo governo socialista e apoiado pelo Bloco e PCP é um “remake” de um filme que já conhecemos e que conduziu ao desastre. A aposta na procura e no consumo interno, o desmobilizar do ímpeto reformista, o retirar o foco da competitividade das empresas e do setor exportador, o desincentivo ao investimento nacional e estrangeiro (de que o recuo irresponsável na reforma do IRC é apenas um exemplo), o esvaziamento da concertação social em matéria socio-laboral, tudo isto são sinais de preocupação que se avolumam à medida que o governo socialista fica cada vez mais refém de uma agenda radical.
O mínimo que devemos exigir, em nome da recuperação da economia e do bem-estar dos portugueses, é: “Por favor, não estraguem o que foi tão arduamente conseguido!”
Ângela Guerra*
* Deputada do PSD na Assembleia da República eleita pelo círculo da Guarda e presidente da Assembleia Municipal de Pinhel